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ORIENTE MÉDIO
Incursão em campo palestino, que matou 3 crianças, é a mais violenta desde 2002; Hamas ameaça retaliar
Operação de Israel em Gaza deixa 14 mortos e 81 feridos
DA REDAÇÃO
O Exército de Israel realizou ontem sua incursão mais violenta
pelos territórios ocupados em um
ano e meio, matando 14 palestinos e ferindo mais de 80 pessoas
em seis horas de confronto. Entre
os mortos há três crianças.
Munidos de fuzis, mísseis antitanque e lança-granadas, centenas de palestinos confrontaram
helicópteros, tanques e franco-atiradores israelenses nos campos
de refugiados de Bureij e Nusseirat. Centenas de crianças participaram do confronto, perseguindo
tanques com pedras nas mãos.
O ataque de ontem ilustra a recente intensificação da violência
na faixa de Gaza -principalmente após a promessa do premiê israelense, Ariel Sharon, de desmantelar os assentamentos judaicos no território- e ocorre num
momento em que a Autoridade
Nacional Palestina enfrenta uma
crise econômica e política, sobretudo em Gaza, onde nos últimos
meses vem se travando um embate grupos policiais e recém-surgidos paramilitares.
Segundo os militares israelenses, a operação de ontem serviu
para "colocar os palestinos na defensiva e evitar que executem novos ataques contra Israel", além
de ter como objetivo a busca de
armas -ainda que nenhuma tenha sido encontrada.
"O terrorismo está borbulhando nesses campos de refugiados, e
nós temos que acabar com isso",
disse o porta-voz do governo israelense, Avi Pazner. "Acreditamos que, com essa ação, evitamos
atos de terror em Israel e salvamos muitas vidas."
Após o ataque, Saeb Erekat, o
principal negociador palestino,
pediu a retomada dos diálogos
para a paz na região patrocinados
pelos EUA. "Ao mesmo tempo
em que eles [israelenses] falam
em se retirar de Gaza, eles destroem Gaza", afirmou Erekat.
Mas Pazner negou que a operação
tivesse relação com a retirada.
"Combatemos o terrorismo."
Já o gabinete do premiê palestino, Ahmed Korei, chamou os ataques de "terrorismo de Estado".
Retaliação
A operação de ontem foi a mais
violenta conduzida por Israel desde outubro de 2002, quando 19
palestinos morreram em uma
ação israelense contra o campo de
Khan Younis (Gaza). Durante a
tarde, dezenas de milhares de pessoas participaram dos funerais,
entoando palavras de ordem contra os israelenses e pregando uma
guerra santa contra Israel.
Entre os mortos, estão nove
membros do grupo terrorista Hamas, que já prometeu retaliar, e
mais um atirador. Os outros quatro mortos eram civis, incluindo
três meninos de 15, 12 e oito anos.
"O Hamas confirma que Sharon
vai pagar um alto preço, se Deus
quiser, e só deixará a faixa de Gaza
derrotado", disse o grupo em um
comunicado.
A operação começou antes do
amanhecer, quando as forças israelenses chegaram aos campos
de Bureij e Nusseirat com ao menos dois helicópteros Apache, e só
terminou no meio da manhã,
com a retirada das tropas, perseguidas por militantes munidos
com granadas-foguetes.
Segundo os palestinos, com o
ataque, as ligações telefônicas e
elétricas do campo com a região
central de Gaza foram cortadas.
Anteontem, três grupos palestinos tentaram executar um ataque
contra os soldados do posto de
controle de Erez, entre Gaza e Israel. Um homem-bomba e atiradores dentro de veículos disfarçados como táxis e jipes militares israelenses foram enviados ao local
-entretanto nenhum israelense
foi ferido, ao passo que quatro dos
terroristas e dois policiais palestinos morreram. Como resposta,
Israel fechou o posto, por onde
passam diariamente 19 mil palestinos que trabalham em Israel.
Um comandante israelense, general Yosef Mishlav, recomendou
que Israel use os cerca de US$ 8,4
milhões confiscados de bancos
palestinos no último dia 25 para
reforçar a segurança nos postos
de controle. Israel alega que o dinheiro foi depositado por grupos
iranianos, sírios e libaneses para
custear ataques terroristas, o que
os palestinos negam.
Com agências internacionais
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