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Observadores esperam lisura
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Escolados pela experiência das
eleições do ano passado, quando
denúncias de fraudes, intimidação de opositores, compra de votos e campanhas difamatórias pela imprensa ligada ao governo tomaram a cena, oito organismos
internacionais estão acompanhando o processo eleitoral peruano e a votação de hoje.
É unanimidade entre eles que os
problemas mais sérios observados em 2000 foram resolvidos,
mas muitos alertaram para possíveis problemas, principalmente
de ordem técnica, que podem
ocorrer hoje, por causa do curto
espaço de tempo disponível para
a organização desta eleição.
Para o embaixador Eduardo
Stein, chefe da missão de observadores da OEA (Organização dos
Estados Americanos), o processo
deste ano não tem nenhum dos
vícios apontados nas eleições do
ano passado, quando o então presidente peruano, Alberto Fujimori, recebeu um terceiro mandato
consecutivo de cinco anos -interrompido em novembro por
sua destituição pelo Congresso,
por "incapacidade moral".
Stein afirma, no entanto, que
eventuais problemas não serão
suficientes para colocar em dúvida o resultado das eleições, ao
contrário do que aconteceu no
ano passado. "Para fazer uma
comparação, o que temos agora é
um violão no qual você acaba de
pôr cordas e precisa afinar. Nas
eleições passadas, não sabíamos
sequer se o violão tinha cordas",
disse Stein à Folha. "No ano passado havia falta de transparência.
Agora há falta de tempo."
Stein demonstrou preocupação
pela possível diferença entre os
resultados das pesquisas de boca-de-urna, previstas para serem divulgadas hoje a partir das 16h (18h
em Brasília), e as primeiras projeções com base nas apurações, que
devem ser divulgadas a partir das
21h (23h em Brasília).
"O pior cenário seria Alejandro
Toledo (candidato que lidera as
pesquisas) ficar muito perto de
vencer ou se a diferença entre o
segundo e o terceiro lugar for
muito pequena", disse Stein. A divulgação das pesquisas de boca-de-urna foi autorizada na quarta-feira pelo Tribunal Constitucional, que considerou ilegal a norma que proibia sua divulgação.
Para Rafael Roncagliolo, secretário-geral da ONG de acompanhamento eleitoral Transparência, é possível dizer com segurança que estas eleições serão limpas,
"ainda que o processo de transição tenha apenas começado e que
ainda falte muito a ser reformado", disse à Folha.
A sueca Eva Zeherberg, chefe da
missão observadora da União Européia, também manifestou preocupações sobre possíveis problemas de ordem técnica, mas disse
acreditar que todos pudessem ser
resolvidos até a votação.
Para ela, os maiores problemas
dizem respeito ao comportamento dos candidatos. "Os fundos de
campanha não foram documentados muito bem", disse. Zeherberg criticou a falta de debates entre todos os candidatos. O economista Alejandro Toledo, líder nas
pesquisas, se negou a comparecer
aos três debates realizados, alegando "falta de tempo".
(RW)
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