São Paulo, domingo, 08 de abril de 2001

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Nenhum dos partidos deve alcançar maioria parlamentar nas eleições, o que exigirá habilidade política do vencedor

Eleito governará com Congresso dividido

DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Quem quer que seja o presidente eleito pelos peruanos -hoje ou no segundo turno, daqui a um mês-, ele terá de conviver com um Congresso fortemente dividido. Terá de fazer acordos políticos com os atuais adversários se quiser ter facilitada a aprovação, pelo Parlamento, de suas propostas. Segundo a última pesquisa do instituto Apoyo, divulgada no domingo passado pelo jornal "El Comercio", o partido Peru Possível, do economista Alejandro Toledo, receberia votos suficientes para eleger 40 deputados, ou um terço do número total de cadeiras no Congresso (120).
O Partido Aprista, do ex-presidente Alan García (1985-1990), ficaria com a segunda maior bancada, com 24 deputados. Em seguida, viria a Unidade Nacional, da ex-deputada Lourdes Flores, com 19 cadeiras.
A Frente Independente Moralizadora, do deputado Fernando Olivera, quarto colocado nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência, ficaria também com a quarta bancada (9 deputados).
O partido Ação Popular, do atual presidente, Valentín Paniagua, ficaria apenas com a sexta bancada, com seis deputados. O partido não tem candidato próprio à Presidência e não apoiou nenhum dos contendores. Paniagua assumiu a Presidência em novembro, após a destituição do presidente Alberto Fujimori, por "incapacidade moral", e da renúncia de seus dois vice-presidentes. Paniagua era na ocasião o presidente do Congresso.
Preocupados com a governabilidade, os principais candidatos passaram os últimos dias da campanha adotando táticas de "morde e assopra" em relação aos adversários, acenando com possíveis acordos para um governo de união após o pleito.
"Qualquer de nós que seja eleito não terá maioria no Congresso, então creio que este é o momento de darmos um sinal de inequívoca capacidade de nos entendermos", declarou Lourdes Flores.
Para alguns analistas, o presidente eleito deverá ter sensibilidade suficiente para ceder em relação às demandas dos adversários e evitar os conflitos que produziram um dos principais traumas da era Fujimori: o autogolpe de abril de 1992. À época, em minoria no Congresso, Fujimori o dissolveu, convocou uma Assembléia Constituinte para reformar a Carta de 1979 e concedeu a si mesmo poderes especiais, que, segundo ele, eram necessários para o combate à hiperinflação e ao terrorismo de grupos esquerdistas.
(ROGERIO WASSERMANN)



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