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Nenhum dos partidos deve alcançar maioria parlamentar nas eleições, o que exigirá habilidade política do vencedor
Eleito governará com Congresso dividido
DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Quem quer que seja o presidente eleito pelos peruanos -hoje ou
no segundo turno, daqui a um
mês-, ele terá de conviver com
um Congresso fortemente dividido. Terá de fazer acordos políticos
com os atuais adversários se quiser ter facilitada a aprovação, pelo
Parlamento, de suas propostas.
Segundo a última pesquisa do instituto Apoyo, divulgada no domingo passado pelo jornal "El
Comercio", o partido Peru Possível, do economista Alejandro Toledo, receberia votos suficientes
para eleger 40 deputados, ou um
terço do número total de cadeiras
no Congresso (120).
O Partido Aprista, do ex-presidente Alan García (1985-1990), ficaria com a segunda maior bancada, com 24 deputados. Em seguida, viria a Unidade Nacional,
da ex-deputada Lourdes Flores,
com 19 cadeiras.
A Frente Independente Moralizadora, do deputado Fernando
Olivera, quarto colocado nas pesquisas de intenção de voto para a
Presidência, ficaria também com
a quarta bancada (9 deputados).
O partido Ação Popular, do
atual presidente, Valentín Paniagua, ficaria apenas com a sexta
bancada, com seis deputados. O
partido não tem candidato próprio à Presidência e não apoiou
nenhum dos contendores. Paniagua assumiu a Presidência em novembro, após a destituição do
presidente Alberto Fujimori, por
"incapacidade moral", e da renúncia de seus dois vice-presidentes. Paniagua era na ocasião o
presidente do Congresso.
Preocupados com a governabilidade, os principais candidatos
passaram os últimos dias da campanha adotando táticas de "morde e assopra" em relação aos adversários, acenando com possíveis acordos para um governo de
união após o pleito.
"Qualquer de nós que seja eleito
não terá maioria no Congresso,
então creio que este é o momento
de darmos um sinal de inequívoca capacidade de nos entendermos", declarou Lourdes Flores.
Para alguns analistas, o presidente eleito deverá ter sensibilidade suficiente para ceder em relação às demandas dos adversários
e evitar os conflitos que produziram um dos principais traumas
da era Fujimori: o autogolpe de
abril de 1992. À época, em minoria no Congresso, Fujimori o dissolveu, convocou uma Assembléia Constituinte para reformar a
Carta de 1979 e concedeu a si mesmo poderes especiais, que, segundo ele, eram necessários para o
combate à hiperinflação e ao terrorismo de grupos esquerdistas.
(ROGERIO WASSERMANN)
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