São Paulo, domingo, 08 de abril de 2001

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Toledo quer o cargo "há 35 anos"

DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA

"Juro que serei presidente." A afirmação, feita por Alejandro Toledo logo após abandonar a disputa do segundo turno das eleições do ano passado, contra Alberto Fujimori, em protesto contra supostas fraudes, poderia parecer o desabafo de alguém que viu frustrado seu objetivo após chegar perto de alcançá-lo. É pouco mais que isso. Demonstra a obsessão com que esse economista de 55 anos busca o posto. "Venho me preparando para isso há 35 anos", repete sempre.
Nascido numa região serrana do Departamento de Ancash, cerca de 400 km ao norte de Lima, de uma família pobre de ascendência indígena, Toledo diz que é a prova viva de que a educação é o melhor antídoto para a miséria. Ex-engraxate, ele conseguiu uma bolsa para estudar nos EUA, onde se formou economista e obteve um doutorado, na Universidade de Stanford. Após ter trabalhado como consultor de órgãos como a ONU, o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, decidiu, em 1995, que havia chegado a hora de voltar a seu país para tornar-se presidente.
Fracassou rotundamente -obteve apenas 3,24% dos votos-, mas não foi o suficiente para fazê-lo desistir. Voltou a se lançar candidato em 2000, contra Fujimori, que buscava seu terceiro mandato. Com a crise provocada por denúncias de fraude, num primeiro momento, e depois pela divulgação dos casos de corrupção e tráfico de influência ligados ao ex-braço direito de Fujimori, Vladimiro Montesinos, Toledo tornou-se o maior nome da oposição ao fujimorismo, como líder do partido Peru Possível (centro-direita).
Dizendo-se vítima de racismo, o "Cholo" (apelido pelo qual são chamados os indígenas no Peru) gosta de ser comparado a Pachacútec, imperador inca responsável pela maior expansão do império. Apesar de negar pretensões messiânicas, ele já disse que deseja, se for eleito, receber a faixa presidencial na cidade de Cuzco, capital do Império Inca. (RW)


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