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Toledo quer o cargo "há 35 anos"
DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA
"Juro que serei presidente." A
afirmação, feita por Alejandro
Toledo logo após abandonar a
disputa do segundo turno das
eleições do ano passado, contra
Alberto Fujimori, em protesto
contra supostas fraudes, poderia
parecer o desabafo de alguém que
viu frustrado seu objetivo após
chegar perto de alcançá-lo. É pouco mais que isso. Demonstra a obsessão com que esse economista
de 55 anos busca o posto. "Venho
me preparando para isso há 35
anos", repete sempre.
Nascido numa região serrana
do Departamento de Ancash, cerca de 400 km ao norte de Lima, de
uma família pobre de ascendência
indígena, Toledo diz que é a prova
viva de que a educação é o melhor
antídoto para a miséria. Ex-engraxate, ele conseguiu uma bolsa
para estudar nos EUA, onde se
formou economista e obteve um
doutorado, na Universidade de
Stanford. Após ter trabalhado como consultor de órgãos como a
ONU, o Banco Mundial e o Banco
Interamericano de Desenvolvimento, decidiu, em 1995, que havia chegado a hora de voltar a seu
país para tornar-se presidente.
Fracassou rotundamente -obteve apenas 3,24% dos votos-,
mas não foi o suficiente para fazê-lo desistir. Voltou a se lançar candidato em 2000, contra Fujimori,
que buscava seu terceiro mandato. Com a crise provocada por denúncias de fraude, num primeiro
momento, e depois pela divulgação dos casos de corrupção e tráfico de influência ligados ao ex-braço direito de Fujimori, Vladimiro
Montesinos, Toledo tornou-se o
maior nome da oposição ao fujimorismo, como líder do partido
Peru Possível (centro-direita).
Dizendo-se vítima de racismo, o
"Cholo" (apelido pelo qual são
chamados os indígenas no Peru)
gosta de ser comparado a Pachacútec, imperador inca responsável pela maior expansão do império. Apesar de negar pretensões
messiânicas, ele já disse que deseja, se for eleito, receber a faixa presidencial na cidade de Cuzco, capital do Império Inca.
(RW)
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