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Novos vídeos geram crise militar no Peru
DO ENVIADO ESPECIAL A LIMA
A divulgação, a menos de dois
dias das eleições presidenciais, de
17 novos vídeos gravados a mando do ex-braço direito do presidente Alberto Fujimori (1990-2000) e ex-chefe do serviço de inteligência peruano, Vladimiro
Montesinos, provocou uma crise
nas Forças Armadas do país.
Os vídeos mostram uma reunião do alto comando das Forças
Armadas com Montesinos em
março de 1999, na qual os participantes se comprometem a defender "silenciosamente" e "irrestritamente" a vigência das leis de
anistia às ações militares que resultaram em abusos aos direitos
humanos e às ações posteriores
ao auto-golpe comandado por
Fujimori em abril de 1992.
O apoio a Fujimori contraria
uma norma constitucional que
proíbe os militares de tomarem
posições políticas. As gravações
mostram que os comandantes
militares obrigaram os oficiais de
mais baixo grau a assinarem uma
ata na qual se comprometiam a
apoiar Fujimori. Entre os oficiais
presentes, aparecem os atuais comandantes do Exército, Carlos
Tafur Ganoza, da Marinha, Víctor
Ramos Ormeño, e da Aeronáutica, Pablo Carbone Merino.
Diversas lideranças políticas, incluindo os três principais candidatos presidenciais, se apressaram a pedir a destituição dos comandantes. O ministro da Defesa,
Walter Ledesma, que na noite de
anteontem se reuniu de emergência com o presidente Valentín Paniagua, anunciou seu respaldo
aos atuais comandantes. "Não há
indícios de conduta que não seja
de respeito à ordem constitucional", declarou Ledesma.
O primeiro-ministro, Javier Pérez de Cuéllar, afirmou que o governo condena a conduta dos antigos altos mandos militares, mas
que manteria os atuais comandantes, pois eles foram "obrigados a assinar a ata de apoio pelos
antigos chefes, que abusaram do
princípio da obediência devida".
Os chamados "Vladivídeos", as
dezenas de gravações feitas na sede do Serviço de Inteligência Nacional (SIN) mostrando encontros de Montesinos com figuras
políticas, empresariais e militares,
têm provocado um verdadeiro
terremoto no país a cada vez que
um lote deles é divulgado.
O primeiro "Vladivídeo", divulgado em setembro, mostrava
Montesinos pagando a um deputado eleito pela oposição para que
passasse a apoiar Fujimori. A crise provocada por sua divulgação
provocou, pouco mais de um mês
depois, a destituição do presidente, por "incapacidade moral",
após ele ter entregue seu pedido
de renúncia do Japão, durante
uma viagem oficial.
(RW)
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