São Paulo, domingo, 08 de abril de 2001

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EUA
Cresce articulação entre republicanos pela candidatura do ator em 2002 para disputar o cargo que já foi de Ronald Reagan

Schwarzenegger quer governar a Califórnia

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Como brincou o ator Chris Rock, morador da Califórnia, ao saber da candidatura: "Você está louco? Nós seríamos o primeiro Estado a declarar guerra!". Mas é verdade: cresce cada vez mais a articulação que quer ver Arnold Schwarzenegger, ator austríaco naturalizado norte-americano, como o candidato republicano ao governo da Califórnia em 2002.
Seguiria assim os passos de outro ator canastrão transformado em político depois que a carreira em Hollywood começou a declinar. Sim, ele mesmo, Ronald Reagan, que governou o Estado entre 1966 e 1973.
O partido tenta tomar a Califórnia dos democratas, fortalecidos pela estreita ligação que os Clintons mantinham com Hollywood. A indústria cinematográfica é a mais poderosa no Estado, e o atual governador, Gray Davis, não cansa de cortejá-la.
"Os partidários têm duas reações sobre a candidatura: ficam intrigados ou se entusiasmam", disse Wayne Johnson, consultor do Partido Republicano na Califórnia, historicamente em segundo lugar em cargos majoritários e em minoria legislativa.
Se não fosse o ator grandalhão de 53 anos, mais conhecido por seus papéis como brutamontes em "O Exterminador do Futuro" e "Conan, o Bárbaro" e que assinava Arnold Strong no começo da carreira, quem mais?
O partido de George W. Bush não é exatamente o mais popular no meio artístico. Poucos, além de Schwarzenegger, vieram a público declarar voto no republicano na eleição de 2000. Bruce Willis, Sylvester Stallone, a ex-Jeannie Barbara Eden e a ex-mulher nota 10 Bo Derek são os principais.
Como argumento, há o precedente de Reagan e poucos outros, como Clint Eastwood, que foi prefeito de Carmel, também na Califórnia, e o atual governador de Minnesota, o astro de luta livre Jesse Ventura.
Desde que declarou sua intenção a um colunista de um jornal de Los Angeles, Schwarzenegger já distribuiu até camisetas com o slogan que pretende usar: "T2 in 2002", sendo T2 uma referência a como é conhecido por aqui um de seus filmes de maior sucesso, "O Exterminador do Futuro 2".
Mas pessoas ligadas ao ator dizem que seria um balão de ensaio, uma vez que ele tem compromissos com filmes até pelo menos 2004 e que nunca, na Califórnia, um governador democrata perdeu uma reeleição.
Se lhe faltam alguns dos atributos básicos do político ideal -como boa dicção, ausência de sotaque, currículo consistente-, pelo menos em um setor Schwarzenegger já mostra que é do ramo: escândalos sexuais.
O ator é conhecido no meio de Hollywood por suas escapadelas e, por mais paradoxal que possa ser, suas mãos leves. Só no mês passado, uma das principais apresentadoras de telejornal de Londres veio a público dizer que tinha sido bolinada por ele durante sua entrevista ao programa.
Ele estava na Europa na época promovendo a estréia de seu mais recente filme, "O Sexto Dia". Segundo a jornalista, ele havia tocado em seus seios e perguntado se eram verdadeiros. Em seguida, beliscou seu traseiro. A assessoria do candidato a candidato a governador negou tudo.
Outro problema a ser enfrentado pelos republicanos seria a divisão em casa. A apresentadora de TV Maria Shriver, mulher de Schwarzenegger, é sobrinha de John F. Kennedy e democrata desde antes de nascer.



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