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MULTIMÍDIA
The New York Times - de Nova York
"Mad" usa sexo explícito para sobreviver
CHRIS HEDGES
As paródias irreverentes que a
revista "Mad" fazia de filmes e
programas de TV, sua ironia em
relação a políticos e seu humor
grosseiro nutriram uma geração
de jovens iconoclastas. Mas, enquanto a "Mad" mudou pouco ao
longo dos anos -ela ainda tem as
seções "Spy vs. Spy" e "Dave
Berg's Lighter Side of . . ."-, a
cultura que ela expunha ao ridículo passou por grandes transformações.
É por meio da paródia que muitos telespectadores recebem as
notícias hoje em dia. A ironia virou a língua da sinceridade, e
aqueles que, no passado, eram o
alvo do humor da "Mad" -as
grandes empresas e os políticos-
adotaram a abordagem da revista
para vender suas próprias imagens ou produtos.
A circulação da "Mad", que, no
seu auge, em 1973, chegou a 2,8
milhões de exemplares, hoje é de
meras 250 mil cópias.
A influência enorme que ela tinha entre seus leitores jovens diminuiu muito com a chegada dos
jogos de vídeo e computador, sem
falar nos "talk shows" na TV que
superam em ousadia qualquer
coisa que os fundadores da
"Mad" teriam sonhado em apresentar.
"A "Mad" virou imprensa convencional", disse um de seus editores, John Ficarra. "Ou a sociedade baixou o nível até se igualar ao
nosso", acrescentou.
Anúncios
Esse impasse deixou a revista
em maus lençóis. Dois meses
atrás a "Mad", pertencente à DC
Comics, uma divisão da AOL Time Warner, começou a publicar
anúncios, o que, para analistas, é
um sinal certeiro de que ela precisa de fontes alternativas de renda.
A revista também começou a
apelar para o sexo explícito e passou a publicar "Monroe", uma tira sobre uma família disfuncional
na qual o pai é alcoólatra, a mãe
transa com quem vê pela frente e
o filho é um rapaz deprimido e
alienado.
Monroe foi obrigado pelo pai a
subir no carro de um pedófilo.
Sua mãe, que tem um site de pornografia na Internet, já transou
com homens que vão desde um
professor até o menino que vem
cortar o gramado.
Os editores afirmam que a revista continua a espelhar a sociedade americana. Segundo eles, as
piadas sobre sexo e o caráter chulo do humor eram e são parte da
experiência de ser jovem.
Tradução de Clara Allain
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