São Paulo, domingo, 08 de abril de 2001

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MULTIMÍDIA
The New York Times - de Nova York

"Mad" usa sexo explícito para sobreviver

CHRIS HEDGES

As paródias irreverentes que a revista "Mad" fazia de filmes e programas de TV, sua ironia em relação a políticos e seu humor grosseiro nutriram uma geração de jovens iconoclastas. Mas, enquanto a "Mad" mudou pouco ao longo dos anos -ela ainda tem as seções "Spy vs. Spy" e "Dave Berg's Lighter Side of . . ."-, a cultura que ela expunha ao ridículo passou por grandes transformações.
É por meio da paródia que muitos telespectadores recebem as notícias hoje em dia. A ironia virou a língua da sinceridade, e aqueles que, no passado, eram o alvo do humor da "Mad" -as grandes empresas e os políticos- adotaram a abordagem da revista para vender suas próprias imagens ou produtos.
A circulação da "Mad", que, no seu auge, em 1973, chegou a 2,8 milhões de exemplares, hoje é de meras 250 mil cópias.
A influência enorme que ela tinha entre seus leitores jovens diminuiu muito com a chegada dos jogos de vídeo e computador, sem falar nos "talk shows" na TV que superam em ousadia qualquer coisa que os fundadores da "Mad" teriam sonhado em apresentar.
"A "Mad" virou imprensa convencional", disse um de seus editores, John Ficarra. "Ou a sociedade baixou o nível até se igualar ao nosso", acrescentou.

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Esse impasse deixou a revista em maus lençóis. Dois meses atrás a "Mad", pertencente à DC Comics, uma divisão da AOL Time Warner, começou a publicar anúncios, o que, para analistas, é um sinal certeiro de que ela precisa de fontes alternativas de renda.
A revista também começou a apelar para o sexo explícito e passou a publicar "Monroe", uma tira sobre uma família disfuncional na qual o pai é alcoólatra, a mãe transa com quem vê pela frente e o filho é um rapaz deprimido e alienado.
Monroe foi obrigado pelo pai a subir no carro de um pedófilo. Sua mãe, que tem um site de pornografia na Internet, já transou com homens que vão desde um professor até o menino que vem cortar o gramado.
Os editores afirmam que a revista continua a espelhar a sociedade americana. Segundo eles, as piadas sobre sexo e o caráter chulo do humor eram e são parte da experiência de ser jovem.


Tradução de Clara Allain


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