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Al Sistani, principal clérigo xiita, pede "sabedoria e paciência"; conselho estuda oferecer anistia a religioso rebelde
Líder xiita condena os EUA e pede calma
DA REDAÇÃO
O principal clérigo xiita do Iraque, o aiatolá Ali al Sistani, condenou ontem a forma como os Estados Unidos estão respondendo ao
levante iniciado por membros do
grupo religioso.
"Condenamos a maneira como
as forças de ocupação estão lidando com os eventos atuais, assim
como condenamos a agressão
contra propriedades públicas e
privadas, que levam à intranqüilidade e impedem as autoridades
iraquianas de fazer seu serviço",
afirmou Al Sistani em comunicado distribuído por seu escritório
em Najaf.
"Pedimos que o assunto seja
tratado com sabedoria e paciência
e de maneira pacífica, sem provocações, que levariam a mais caos e
derramamento de sangue", disse
a nota.
Membros do Conselho de Governo Iraquiano revelaram que o
órgão discutiu uma proposta a ser
apresentada ao clérigo radical
Moqtada al Sadr pela qual a acusação contra o líder do levante xiita, de participação em assassinato, seria retirada se ele concordasse em suspender o movimento.
Existe uma ordem de prisão
emitida há meses por um juiz iraquiano pela suposto envolvimento de Sadr na morte de um clérigo
rival em 2003. Ignorada há meses,
essa ordem de prisão está sendo
agora apresentada pelos americanos como justificativa para a prisão de Sadr.
Os membros do Conselho de
Governo que revelaram o teor da
discussão, sob a condição de anonimato, acreditam que o uso de
força contra Sadr e sua milícia, o
Exército Mehdi, possa levar a um
agravamento da situação e a um
aumento da popularidade do jovem clérigo de 30 anos -que, por
enquanto, está restrita à região de
Bagdá e a algumas cidades do sul.
A iniciativa belicista de Sadr está
fazendo com que lideranças religiosas do país procurem marcar
suas posições junto à população
para não perderem espaço após a
devolução da soberania iraquiana
pelos americanos -marcada para 30 de junho. Pelo fato de seus
25 membros não serem muito representativos, o Conselho de Governo é relativamente frágil e teria
muito a perder com o crescimento de Sadr.
A maior parte dos xiitas moderados, ao mesmo tempo em que
critica a ocupação americana,
acha melhor esperar a realização
de eleições diretas, programadas
para 2005, para chegar ao poder.
Como cerca de 60% dos iraquianos são xiitas, eles têm poucas
chances de perder as eleições.
Exército Mehdi
Ontem, o general Mark Kimmitt, vice-diretor de operações
das forças da coalizão, disse que o
Exército Mehdi será "destruído".
"Os ataques serão deliberados e
precisos e terão sucesso", afirmou
Kimmitt.
Comandantes americanos estimam que a milícia, que tem base
em Sadr City, bairro pobre de
Bagdá, conte com até 12 mil combatentes e um arsenal de armas
automáticas, granadas e granadas-foguetes.
Ecoando políticos americanos
como o senador democrata Ted
Kennedy, Al Sadr disse ontem
que o Iraque irá se tornar "um outro Vietnã". "Conclamo o povo
americano a ficar ao lado de seu
irmão, o povo iraquiano, que está
sofrendo uma injustiça por parte
de seus líderes e das forças de ocupação, e ajudá-lo na transferência
do poder para iraquianos honestos", disse Sadr em comunicado
emitido em Najaf -cidade que o
secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, reconheceu
não estar sob controle das forças
internacionais da coalizão.
Com agências internacionais
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