São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2004

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EUA

Assessora presidencial é acusada de negligenciar terror

Rice tenta defender Bush e o seu futuro ao depor hoje em comissão

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

A assessora de Segurança Nacional dos EUA, Condoleezza Rice, depõe hoje diante da comissão independente do Congresso americano que investiga os ataques do 11 de Setembro tendo que defender o que já foi o atributo inquestionável do presidente e candidato à reeleição, George W. Bush: o combate ao terrorismo.
Rice foi pressionada a depor em público e sob juramento após o ex-chefe de contraterrorismo da Casa Branca Richard Clarke ter posto em dúvida, na mesma comissão, o empenho de Bush na questão antes dos ataques.
Rice, que já havia falado à comissão em fevereiro -só que a portas fechadas e sem prestar juramento-, terá que defender a atual administração de duas acusações de Clarke: de que antes do 11 de Setembro não soube avaliar a ameaça que a Al Qaeda representava e que, após os ataques, a obsessão pelo Iraque impediu a concentração na luta antiterror.
A aprovação do eleitor norte-americano ao modo como Bush cuida da segurança interna caiu depois do depoimento de Clarke, segundo pesquisas recentes.
Segundo o jornal "Washington Post", Rice dirá que os atos da administração antes de setembro de 2001 devem ser julgados dentro de seu contexto -de uma diferente, mas não negligente, mentalidade ante as ameaças terroristas.
Ela ainda deve repetir o que vem sendo alegado por Bush, que o governo fez tudo o que podia baseado nas informações disponíveis.
Além de influenciar o curso da eleição presidencial de novembro, o depoimento de Rice pesará sobre seu próprio futuro. A ela é atribuído o desejo -e a possibilidade- de ocupar a cadeira de secretária de Estado num possível segundo mandato de Bush.
Individualmente, a principal acusação contra ela é a de ter uma formação na área de segurança influenciada pela Guerra Fria, voltada para a relação entre Estados, o que teria desviado sua atenção do combate ao terrorismo, supostamente visto por ela como um assunto secundário. Segundo o jornal "The New York Times", em palestra em junho de 2001, intitulada "Prioridades e Desafios em Política Externa", ela não fez nenhuma menção ao terrorismo.


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