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A MORTE DO PAPA
Lula diz que é "homem de muita fé"
Declaração foi resposta a dom Oscar Scheid, que o chamou de caótico, afirmando que o presidente não se entende com o Espírito Santo
PEDRO MOREIRA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA
JULIA DUAILIB
DA SUCURSAL BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva afirmou ontem em Recife
ser um homem de fé. "Crer em
Deus é uma relação muito pessoal, não precisa se tornar pública. Todo mundo sabe que sou um
homem de muita fé."
Com a declaração, Lula respondeu indiretamente ao cardeal brasileiro dom Eusébio Oscar Scheid,
que afirmou, em Roma, que o
presidente não se entende muito
com o Espírito Santo e que Lula
não era católico, e sim caótico.
"Eu já fui mais freqüentador de
igreja do que sou hoje, até porque
não tenho mais tempo. Quando
vou, eu comungo. Não tenho nenhum problema. Fui coroinha
quando jovem e sou um homem
que não preciso provar a cada dia
que sou católico ou que creio em
Deus", declarou Lula.
As declarações do presidente foram feitas no Aeroporto Internacional do Recife, durante escala
técnica do avião presidencial.
Segundo Lula, a novidade da
comitiva é a participação de ex-presidentes. "Acho que a grande
novidade dessa viagem é a reunião de ex-presidentes e presidentes dos Três Poderes. Eu penso que o papa simbolizava muito
para o mundo, sobretudo para o
Brasil, que é o maior país católico
do mundo. Esse é um ato de agradecimento do povo brasileiro ao
que significou o papa nesses últimos 26 anos", afirmou.
Além dos ex-presidentes José
Sarney e Fernando Henrique Cardoso, que estavam com a comitiva em Recife, o ex-presidente Itamar Franco se integrará ao grupo
na Itália. "Isso mostra que no Brasil estamos fazendo política de
forma civilizada, madura. Podemos ter divergências, mas todos
nós temos interesse que o Brasil
cresça, que gere riqueza e que essa
riqueza seja distribuída", disse.
Homenagem
Enquanto iniciava a sua travessia pelo oceano Atlântico no final
da manhã de ontem, o Airbus
presidencial, o Aerolula, foi palco
de um culto multirreligioso em
homenagem ao papa.
Lula e os outros integrantes da
comitiva brasileira, que participará hoje do funeral do papa, em
Roma, rezaram um pai-nosso e
ouviram uma súplica em árabe na
cabine presidencial do avião.
Por volta das 11h, quando passava pelo arquipélago de Fernando
de Noronha, os seis religiosos (representantes do catolicismo, islamismo, protestantismo e judaísmo) da comitiva brasileira foram
à ala privativa do avião iniciar as
orações ao papa.
De acordo com informações do
secretário de Imprensa da Presidência, André Singer, por telefone
(o Aerolula possui sistema de telefonia), o culto foi iniciado pelo arcebispo de Brasília, João Aviz.
O secretário-geral da CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil), Odilo Scherer, e o pastor Rolf Schünemann, representante da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, leram
salmos da Bíblia que falam de
proteção aos viajantes.
Armando Hussein Saleh, xeque
da Mesquita do Brasil, e Henry
Sobel, presidente do Rabinato da
Congregação Israelita Paulista,
encerraram as orações.
Areonilthes Conceição Chagas,
mãe-de-santo conhecida por
"mãe Nitinha", não conseguiu
chegar a Brasília a tempo de embarcar no Airbus presidencial.
Representante do candomblé, a
ialorixá (mãe-de-santo) perdeu o
avião no Rio de Janeiro.
O avião presidencial pousou em
Roma na madrugada de hoje (horário de Roma).
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