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IRAQUE SOB TUTELA
Presidente, o curdo Talabani, toma posse e indica Jaafari para a chefia do governo, como era esperado
Líder xiita é nomeado premiê iraquiano
DA REUTERS
O líder xiita Ibrahim Jaafari, do
partido Dawa, foi nomeado ontem novo premiê do Iraque, numa medida que aproximou o país
ainda mais de seu primeiro governo eleito democraticamente em
mais de 50 anos.
Jaafari anunciou sua própria
nomeação pouco depois que o
novo presidente iraquiano, o ex-líder guerrilheiro curdo Jalal Talabani, prestou juramento, ao lado
dos dois vice-presidentes, no Parlamento e assumiu suas funções.
"O dia de hoje representa um
grande passo adiante para o Iraque e uma grande responsabilidade para mim", declarou Jaafari,
que passou mais de duas décadas
fazendo oposição ao ex-ditador
Saddam Hussein do exílio.
Sua nomeação para o posto
mais importante do governo
transitório, que, se tudo correr
bem, só deverá durar até o final
deste ano, já era dada como certa
há semanas, mas foi atrasada por
causa da negociação sobre os outros cargos do governo entre árabes xiitas e curdos (que são sunitas), grupos que dominam o Parlamento eleito no fim de janeiro.
Jaafari, que conta com o apoio
do grão-aiatolá Ali al Sistani, um
dos homens mais influentes do
Iraque atualmente, é visto como
um islâmico moderado. Ele é favorável ao islã xiita e a seus ensinamentos, mas busca integrar todas as comunidades iraquianas.
Autoridades americanas acreditam que ele não venha a tentar estabelecer um Estado islâmico
contrário aos EUA no Iraque. Jaafari diz apoiar a presença militar
americana no país ao menos até o
momento em que as forças de segurança iraquianas serão capazes
de enfrentar a insurgência, que,
segundo analistas, é majoritariamente árabe sunita.
Ele disse ontem que o premiê
interino iraquiano, Iyad Allawi,
um xiita secular apontado há dez
meses com a aprovação americana, tinha renunciado, mas permaneceria no posto até que o novo
gabinete esteja definido. "Espero
que, em uma ou duas semanas no
máximo, eu possa nomear o novo
gabinete", disse Jaafari.
Richard Boucher, porta-voz do
Departamento de Estado dos
EUA, congratulou o Iraque pela
nomeação de Jaafari, mas admitiu
haver descontentamento nos
EUA com a demora para definir
os integrantes do governo.
"Mas é isso que acontece numa
democracia. Trata-se, finalmente,
de algo positivo. A cena política
iraquiana está sendo definida por
políticos iraquianos, o que também é positivo", disse Boucher.
Talabani tomou posse um dia
depois de sua eleição pelo Parlamento. Líderes políticos e religiosos participaram da cerimônia na
Zona Verde, a área superprotegida de Bagdá em que se localizam a
sede do governo iraquiano e a
Embaixada dos EUA no Iraque.
Depois de prestar juramento, o
novo presidente, cujo posto não
tem grande poder formal, foi
aplaudido pelos presentes. O líder
árabe-xiita Adel Abdul Mahdi e o
líder tribal árabe-sunita Ghazi Yawer, que era presidente interino,
também prestaram julgamento e
se tornaram vice-presidentes.
A nomeação de Talabani é um
marco para a minoria curdo-iraquiana, que foi perseguida por
Saddam. Ademais, ele se tornou o
primeiro presidente não-árabe de
um país majoritariamente árabe.
Muitos iraquianos afirmam que
os dirigentes eleitos em janeiro os
decepcionaram porque demoraram demais para entrar em acordo sobre o novo governo. Até autoridades iraquianas dizem que
ela pode ter favorecido a insurgência. Esta conta com ex-membros do governo de Saddam e
com combatentes estrangeiros,
além de terroristas.
Violência
Um suicida explodiu um carro-bomba perto de um comboio
americano em Tal Afar, ferindo 19
civis. No oeste do país, os corpos
de 11 pessoas que trabalhavam
para os EUA foram encontrados.
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