São Paulo, sábado, 08 de maio de 2004

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Insurgentes matam 2 jornalistas poloneses

DA REDAÇÃO

Um dos jornalistas mais proeminentes da Polônia foi morto ontem por insurgentes iraquianos em um ataque que também vitimou um produtor. Só neste ano, 14 jornalistas foram mortos no Iraque, segundo o Comitê para a Proteção dos Jornalistas. Desde a invasão, há 13 meses, foram 27.
O ataque ocorreu quando o correspondente Waldemar Milewicz, o produtor Mounir Bouamrane e o cinegrafista Jerzy Ernst, todos da rede estatal TVP, iam de carro de Bagdá para Najaf (sul).
Segundo Ernst, o único sobrevivente, a rodovia principal estava bloqueada e o motorista do grupo pegou uma vicinal. O ataque ocorreu perto de Latifiya, 30 km ao sul da capital.
"Ouvimos tiros serem disparados muito perto, vindos de trás, e a janela estilhaçou. Veio um silêncio, e Mounir começou a gritar. Saímos do carro e vimos que Waldek [Milewicz] estava sentado dobrado para a frente, muito pálido, com sangue saindo pelo nariz", disse. Os dois tentaram retirar o correspondente do carro, mas os disparos recomeçaram. Bouamrane foi morto e Ernst foi ferido.
O presidente Aleksander Kwasniewski disse que a morte de Milewicz, vencedor de diversos prêmios por suas coberturas de guerra, foi uma perda para todo o país. Mas Varsóvia reiterou que manterá no Iraque seus 2.400 homens.
A região de Najaf, para onde os jornalistas iam, tornou-se a mais tensa do país nos últimos dias. Ontem, cerca de 20 iraquianos morreram em embates no local.
Uma bomba de 225 kg lançada pelos EUA nas cercanias de Najaf contra um posto da insurgência também atingiu uma casa e matou seis pessoas de uma mesma família, inclusive três crianças. Os EUA têm evitado invadir a cidade considerada sagrada pelos xiitas, temendo um levante nacional.
Já em Karbala houve tiroteios e explosões perto dos principais templos da cidade. Pelo menos 12 membros do Exército Mehdi, a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, foram mortos.
Al Sadr voltou a pregar contra a ocupação, criticando a tortura de iraquianos por militares dos EUA e minimizando o pedido de desculpas do presidente George W. Bush. "Que tipo de liberdade e democracia podemos esperar de vocês [americanos] quando vocês se divertem tanto torturando prisioneiros?", questionou ele durante a preleção em Kufa, vizinha a Najaf. "Seus comunicados não são o bastante. Eles [militares] devem ser punidos na mesma moeda."
O recrudescimento da violência no Iraque já levou 30% dos civis estrangeiros que trabalham na reconstrução a deixarem o país nos últimos 40 dias, segundo a Usaid (agência humanitária dos EUA).


Com agências internacionais

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