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Insurgentes matam 2 jornalistas poloneses
DA REDAÇÃO
Um dos jornalistas mais proeminentes da Polônia foi morto
ontem por insurgentes iraquianos em um ataque que também
vitimou um produtor. Só neste
ano, 14 jornalistas foram mortos
no Iraque, segundo o Comitê para
a Proteção dos Jornalistas. Desde
a invasão, há 13 meses, foram 27.
O ataque ocorreu quando o correspondente Waldemar Milewicz,
o produtor Mounir Bouamrane e
o cinegrafista Jerzy Ernst, todos
da rede estatal TVP, iam de carro
de Bagdá para Najaf (sul).
Segundo Ernst, o único sobrevivente, a rodovia principal estava
bloqueada e o motorista do grupo
pegou uma vicinal. O ataque
ocorreu perto de Latifiya, 30 km
ao sul da capital.
"Ouvimos tiros serem disparados muito perto, vindos de trás, e
a janela estilhaçou. Veio um silêncio, e Mounir começou a gritar.
Saímos do carro e vimos que Waldek [Milewicz] estava sentado dobrado para a frente, muito pálido,
com sangue saindo pelo nariz",
disse. Os dois tentaram retirar o
correspondente do carro, mas os
disparos recomeçaram. Bouamrane foi morto e Ernst foi ferido.
O presidente Aleksander Kwasniewski disse que a morte de Milewicz, vencedor de diversos prêmios por suas coberturas de guerra, foi uma perda para todo o país.
Mas Varsóvia reiterou que manterá no Iraque seus 2.400 homens.
A região de Najaf, para onde os
jornalistas iam, tornou-se a mais
tensa do país nos últimos dias.
Ontem, cerca de 20 iraquianos
morreram em embates no local.
Uma bomba de 225 kg lançada
pelos EUA nas cercanias de Najaf
contra um posto da insurgência
também atingiu uma casa e matou seis pessoas de uma mesma
família, inclusive três crianças. Os
EUA têm evitado invadir a cidade
considerada sagrada pelos xiitas,
temendo um levante nacional.
Já em Karbala houve tiroteios e
explosões perto dos principais
templos da cidade. Pelo menos 12
membros do Exército Mehdi, a
milícia do clérigo radical xiita
Moqtada al Sadr, foram mortos.
Al Sadr voltou a pregar contra a
ocupação, criticando a tortura de
iraquianos por militares dos EUA
e minimizando o pedido de desculpas do presidente George W.
Bush. "Que tipo de liberdade e democracia podemos esperar de vocês [americanos] quando vocês se
divertem tanto torturando prisioneiros?", questionou ele durante a
preleção em Kufa, vizinha a Najaf.
"Seus comunicados não são o
bastante. Eles [militares] devem
ser punidos na mesma moeda."
O recrudescimento da violência
no Iraque já levou 30% dos civis
estrangeiros que trabalham na reconstrução a deixarem o país nos
últimos 40 dias, segundo a Usaid
(agência humanitária dos EUA).
Com agências internacionais
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