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IRAQUE OCUPADO
Entidade afirma que alertou os EUA há mais de um ano para abusos cometidos por soldados do país
Cruz Vermelha diz que tortura é "padrão"
DA REDAÇÃO
A Cruz Vermelha disse ontem
que avisou os EUA há mais de um
ano sobre a ocorrência de abusos,
em alguns casos "equivalentes a
tortura", contra prisioneiros iraquianos e que o problema não se
tratava de "atos isolados".
"Nossas descobertas não nos
permitem concluir que sejam atos
isolados de membros individuais.
O que descrevemos forma um padrão e um amplo sistema", disse
Pierre Kraehenbuehl, diretor de
operações do Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
Os EUA afirmam que começaram a investigar as condições na
prisão de Abu Ghraib (perto de
Bagdá) em janeiro, depois que um
soldado apresentou uma denúncia de maus-tratos. Os abusos se
tornaram públicos no último dia
28, quando a rede de TV americana CBS exibiu as fotos.
"Nossas conclusões foram discutidas em diferentes momentos
entre março e novembro de 2003,
tanto em conversas face-a-face
como em intervenções escritas",
afirmou Kraehenbuehl.
O diretor da Cruz Vermelha deu
a entrevista em função da publicação ontem pelo "Wall Street
Journal" de trechos de um relatório confidencial de 24 páginas enviado pela entidade em fevereiro
deste ano ao governo dos EUA.
De acordo com o relatório, os
prisioneiros eram encapuzados e
espancados. Alguns ficavam confinados nus por dias a fio em solitárias sem luz. Os interrogadores
ameaçavam represálias contra
parentes. Policiais dispararam de
torres de vigilância contra prisioneiros, matando alguns.
Kraehenbuehl se recusou a discutir detalhes do relatório, mas
confirmou a autenticidade do
conteúdo reproduzido pelo jornal. O conservador "Wall Street
Journal" é um dos mais importantes órgãos da mídia americana
e costuma apoiar o presidente
George W. Bush, republicano.
A Cruz Vermelha raramente se
manifesta sobre as condições que
encontra em suas visitas a presos
em zonas de guerra, para preservar a colaboração das autoridades. Segundo Kraehenbuehl, o relatório foi publicado contra a vontade da entidade.
Kraehenbuehl disse que a Cruz
Vermelha também enviou relatórios ao Reino Unido. "Fizemos
nossos comentários. E também
nossas recomendações."
Em depoimento ao Senado, Les
Brownlee, secretário-em-exercício do Exército, disse que a instituição está investigando "42 casos
potenciais de má-conduta contra
civis" iraquianos que teriam ocorrido "fora de instalações de detenção". Além desses, já há investigações de outros 35 incidentes.
Com agências internacionais
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