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MORTES SOB CUSTÓDIA
EUA dão poucas informações sobre mortos
Fotografias sugerem abusos mais graves
JAMES RISEN E DAVID JOHNSTON
DO "NEW YORK TIMES"
Fotografias de dois homens
mortos, tiradas na prisão de Abu
Ghraib, na periferia de Bagdá,
podem indicar que a violência
contra prisioneiros é bem mais
grave que possíveis maus-tratos.
O governo Bush deu poucas
informações sobre o primeiro
dos mortos. O segundo representa um mistério ainda maior.
As fotografias fazem parte da
coleção que mostra presos sendo
humilhados por soldados.
Na primeira delas aparece o
corpo de um homem com imensa cicatriz na cabeça. Um papel o
identifica pelo número 153.399.
Informantes do Pentágono
não revelaram a identidade do
prisioneiro e as circunstâncias de
sua morte. Mas um inquérito
militar feito em março pelo general Antonio M. Taguba diz que
o iraquiano foi preso durante as
agitações de 24 de novembro do
ano passado, e que os soldados
americanos foram autorizados a
interrogá-lo com violência.
Entre os problemas citados pelo militar na prisão há a superlotação, a falta de treino de militares que atuam como guardas e a
falta de comunicação entre comandantes e soldados.
A segunda foto
sem identificação mostra o corpo de um homem com um curativo debaixo do olho direito. O
cadáver está dentro de um saco
de plástico, coberto com sacos de
gelo, sem informações.
Militares dizem estar investigando dez mortes de presos só
no Iraque, mas não esclarecem
quando ocorreram. A foto do cadáver com o saco de gelo coincide com o relato no livro da prisão
pelo sargento Ivan Frederick, um
ex-guarda. Ele é um dos seis indiciados por abusos contra prisioneiros em Abu Ghraib.
Segundo o registro, o incidente
ocorreu em novembro de 2003.
Diz se tratar de um prisioneiro
"OGA", sigla em inglês para "de
outra agência do governo", normalmente usada para designar
alguém sob custódia da CIA.
Eis o relato escrito por Frederick: "Eles o esticaram tanto que
o homem morreu. Puseram-no
no banheiro, dentro de um saco
de plástico com muito gelo por
aproximadamente 24 horas. No
dia seguinte os médicos chegaram, enfiaram no braço dele
uma simulação de soro e o levaram embora. Esse OGA oficialmente nunca deu entrada e não
tem nem número."
Desde que eclodiu o escândalo
de abusos nas prisões, o inspetor-geral da CIA disse estar investigando três mortes no Iraque
e no Afeganistão, possivelmente
praticadas por agentes ou por civis contratados. O Ministério da
Justiça está examinando se alguém descumpriu a lei nos casos
que envolvem a CIA.
Nenhuma das duas fotografias
se enquadra na descrição até
agora feita por informantes do
governo sobre as mortes investigadas em Abu Ghraib. Num desses casos, a versão oficial é a de
que o prisioneiro morreu repentinamente em interrogatório feito por um agente da CIA e por
um tradutor contratado.
O prisioneiro foi identificado
apenas pelo sobrenome, Jamadi.
A morte ocorreu logo depois que
ele foi preso por uma patrulha,
levado ao aeroporto de Bagdá e
transferido no mesmo dia para
interrogatório em Abu Ghraib.
Embora a CIA interrogue alguns presos em Abu Ghraib, a
prisão é controlada por militares. A maioria dos interrogatórios é conduzida pela inteligência militar, enquanto a CIA se
preocupa com uns poucos de
"alta importância".
O inspetor-geral da CIA também investiga a morte em novembro de um general iraquiano, Abid Hamad Mahawish. Ele
morreu alguns dias depois de interrogado pela CIA.
A terceira morte investigada
foi registrada no Afeganistão, em
junho de 2003. O morto foi Abdul Wali, ex-comandante local
que havia lutado contra a então
União Soviética. Os americanos
informaram que ele sofrera ataque cardíaco no interrogatório.
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