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ENCONTRO RELIGIOSO
Patriarca da Romênia tenta declaração conjunta com o papa para "fim imediato da guerra" na Iugoslávia
Líder ortodoxo quer apelo contra a guerra
das agências internacionais
O patriarca da Igreja Ortodoxa
da Romênia, Teoctist, pediu ao papa João Paulo 2º, em visita ao país,
que, juntos, emitissem um apelo a
favor da paz na Iugoslávia e do
"fim imediato da guerra".
Essa é a primeira vez que um papa visita um país de maioria cristã
ortodoxa. A viagem histórica pode
contribuir para o surgimento de
mais uma voz crítica aos bombardeios contra a Iugoslávia, também
de maioria ortodoxa.
Dos 23 milhões de romenos, 87%
são ortodoxos, e 6,5%, católicos.
"Esperamos que a presença de
Sua Santidade, militante incansável pelo diálogo entre as igrejas,
peregrino a serviço do Evangelho
ante a secularização de hoje e promotor da reconciliação entre os
povos, seja uma boa oportunidade
para um testemunho conjunto a
favor da paz na Iugoslávia", disse o
patriarca romeno, na catedral ortodoxa de Bucareste (capital).
O ataque da Otan (aliança militar
ocidental) à Iugoslávia esfriou as
relações entre a Igreja Católica e a
Igreja Ortodoxa. O patriarca russo,
Alexis 2º, cancelou um encontro
com o papa, que declarou opor-se
à "limpeza étnica" contra os kosovares de etnia albanesa promovida
pelo ditador iugoslavo, Slobodan
Milosevic, e aos bombardeios.
O Sumo Pontífice busca aproximar as denominações cristãs em
sua campanha ecumênica pelo
Grande Jubileu do ano 2000.
Ele se reuniu com o presidente
Emil Constantinescu e com representantes religiosos e políticos. A
visita termina amanhã.
As relações diplomáticas entre a
Romênia e o Vaticano, interrompidas durante o regime comunista
romeno (48-89), foram restabelecidas em maio de 1990.
Após uma missa na catedral,
João Paulo 2º, 78, e Teoctist, 84,
benzeram a multidão que estava
diante do local, num sinal de aproximação. A bênção não fazia parte
do programa oficial.
"Espero que esta visita contribua
para cicatrizar as feridas impostas
às relações entre nossas igrejas nos
últimos 50 anos e abra uma etapa
de confiança e de colaboração",
declarou o papa, em romeno.
Depois de 48, os comunistas confiscaram cerca de 2.000 igrejas católicas e as entregaram aos ortodoxos. Prenderam ainda padres e bispos e fecharam escolas religiosas.
Após a queda do comunismo, os
católicos passaram a pedir a devolução de propriedades.
"Quarenta anos de comunismo
ateu deixaram sequelas e cicatrizes
na carne e na memória de vosso
povo e instauraram um clima de
desconfiança", disse o papa. "Graças a Deus, após o duro inverno da
dominação comunista, começou a
primavera da esperança."
Católicos e ortodoxos seguem a
Bíblia e os ensinamentos de Jesus
Cristo, mas diferem quanto a ritos
e doutrinas. Os ortodoxos não reconhecem a primazia do papa.
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