São Paulo, Sábado, 08 de Maio de 1999
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ENCONTRO RELIGIOSO
Patriarca da Romênia tenta declaração conjunta com o papa para "fim imediato da guerra" na Iugoslávia
Líder ortodoxo quer apelo contra a guerra

das agências internacionais

O patriarca da Igreja Ortodoxa da Romênia, Teoctist, pediu ao papa João Paulo 2º, em visita ao país, que, juntos, emitissem um apelo a favor da paz na Iugoslávia e do "fim imediato da guerra".
Essa é a primeira vez que um papa visita um país de maioria cristã ortodoxa. A viagem histórica pode contribuir para o surgimento de mais uma voz crítica aos bombardeios contra a Iugoslávia, também de maioria ortodoxa.
Dos 23 milhões de romenos, 87% são ortodoxos, e 6,5%, católicos.
"Esperamos que a presença de Sua Santidade, militante incansável pelo diálogo entre as igrejas, peregrino a serviço do Evangelho ante a secularização de hoje e promotor da reconciliação entre os povos, seja uma boa oportunidade para um testemunho conjunto a favor da paz na Iugoslávia", disse o patriarca romeno, na catedral ortodoxa de Bucareste (capital).
O ataque da Otan (aliança militar ocidental) à Iugoslávia esfriou as relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa. O patriarca russo, Alexis 2º, cancelou um encontro com o papa, que declarou opor-se à "limpeza étnica" contra os kosovares de etnia albanesa promovida pelo ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic, e aos bombardeios.
O Sumo Pontífice busca aproximar as denominações cristãs em sua campanha ecumênica pelo Grande Jubileu do ano 2000.
Ele se reuniu com o presidente Emil Constantinescu e com representantes religiosos e políticos. A visita termina amanhã.
As relações diplomáticas entre a Romênia e o Vaticano, interrompidas durante o regime comunista romeno (48-89), foram restabelecidas em maio de 1990.
Após uma missa na catedral, João Paulo 2º, 78, e Teoctist, 84, benzeram a multidão que estava diante do local, num sinal de aproximação. A bênção não fazia parte do programa oficial.
"Espero que esta visita contribua para cicatrizar as feridas impostas às relações entre nossas igrejas nos últimos 50 anos e abra uma etapa de confiança e de colaboração", declarou o papa, em romeno.
Depois de 48, os comunistas confiscaram cerca de 2.000 igrejas católicas e as entregaram aos ortodoxos. Prenderam ainda padres e bispos e fecharam escolas religiosas.
Após a queda do comunismo, os católicos passaram a pedir a devolução de propriedades.
"Quarenta anos de comunismo ateu deixaram sequelas e cicatrizes na carne e na memória de vosso povo e instauraram um clima de desconfiança", disse o papa. "Graças a Deus, após o duro inverno da dominação comunista, começou a primavera da esperança."
Católicos e ortodoxos seguem a Bíblia e os ensinamentos de Jesus Cristo, mas diferem quanto a ritos e doutrinas. Os ortodoxos não reconhecem a primazia do papa.


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