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TENSÃO NO MERCOSUL
Macchi afirma que general, em liberdade na Argentina, ainda cria instabilidade na política paraguaia
Oviedo desestabiliza Paraguai, diz presidente
ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires
O presidente do Paraguai, Luis
González Macchi, afirmou ontem
que a liberdade do ex-general Lino
Oviedo, asilado na Argentina, provoca instabilidade em seu país.
"Se ele tem possibilidade de se
movimentar livremente na Argentina, pode se encontrar com políticos e conseguir manejar as coisas
no Paraguai", afirmou Macchi ao
jornal chileno "El Mercurio".
O presidente paraguaio, que se
encontra no Chile, disse que, no
Paraguai, "Oviedo estaria mais vigiado, na prisão".
As declarações de Macchi ocorrem após o presidente interino do
Paraguai, Juan Galaverna, criticar
os parceiros no Mercosul (Brasil,
Argentina e Uruguai) por oferecerem asilo a ex-dirigentes do país,
"delinquentes e assassinos".
As críticas de Galaverna criaram
um mal-estar diplomático com a
Argentina e o Uruguai.
Macchi afirmou que a Justiça paraguaia deve pedir a extradição de
Oviedo, devido a sua participação
direta nos acontecimentos de março, que levaram o então presidente
Raúl Cubas a renunciar. No entanto, o presidente paraguaio disse
que "será a Justiça argentina que
determinará a concessão ou não da
extradição".
Na quarta, a Interpol confirmou
que recebeu um pedido de prisão
de Oviedo. O juiz paraguaio Jorge
Bogarín acusa o general de ser
cúmplice no assassinato do vice-presidente paraguaio Luis María
Arganã, em março último.
Macchi indicou ainda querer a
extradição do ex-presidente Raúl
Cubas, que se encontra asilado no
Brasil. "Acreditamos que não pode
haver impunidade de nenhuma
maneira. Nesse sentido, a extradição de Cubas deve ser solicitada".
O presidente paraguaio fez, no
entanto, uma distinção entre Oviedo e Cubas, que não era acusado de
crimes quando deixou o país. "Para nós, Cubas não era um delinquente, mas Oviedo, sim. Ele está
condenado a dez anos de prisão".
O governo argentino protestou
ontem contra as críticas de Galaverna ao ex-embaixador argentino
no Paraguai Néstor Ahuad, acusado de ser colaborador de Oviedo
pelo presidente interino.
O Uruguai e o Paraguai tentaram
ontem apaziguar a crise. O presidente uruguaio, Julio María Sanguinetti, recebeu o senador paraguaio José Félix Fernández. Anteontem, o Uruguai tinha chamado seu embaixador no Paraguai
para consultas e insinuado que poderia boicotar reunião do Mercosul em Assunção.
O Uruguai confirmou que recebeu um pedido de prisão do Paraguai para o senador Víctor Galeano, que pediu asilo político.
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