São Paulo, Sábado, 08 de Maio de 1999
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TENSÃO NO MERCOSUL
Macchi afirma que general, em liberdade na Argentina, ainda cria instabilidade na política paraguaia
Oviedo desestabiliza Paraguai, diz presidente

ANDRÉ SOLIANI
de Buenos Aires

O presidente do Paraguai, Luis González Macchi, afirmou ontem que a liberdade do ex-general Lino Oviedo, asilado na Argentina, provoca instabilidade em seu país.
"Se ele tem possibilidade de se movimentar livremente na Argentina, pode se encontrar com políticos e conseguir manejar as coisas no Paraguai", afirmou Macchi ao jornal chileno "El Mercurio".
O presidente paraguaio, que se encontra no Chile, disse que, no Paraguai, "Oviedo estaria mais vigiado, na prisão".
As declarações de Macchi ocorrem após o presidente interino do Paraguai, Juan Galaverna, criticar os parceiros no Mercosul (Brasil, Argentina e Uruguai) por oferecerem asilo a ex-dirigentes do país, "delinquentes e assassinos".
As críticas de Galaverna criaram um mal-estar diplomático com a Argentina e o Uruguai.
Macchi afirmou que a Justiça paraguaia deve pedir a extradição de Oviedo, devido a sua participação direta nos acontecimentos de março, que levaram o então presidente Raúl Cubas a renunciar. No entanto, o presidente paraguaio disse que "será a Justiça argentina que determinará a concessão ou não da extradição".
Na quarta, a Interpol confirmou que recebeu um pedido de prisão de Oviedo. O juiz paraguaio Jorge Bogarín acusa o general de ser cúmplice no assassinato do vice-presidente paraguaio Luis María Arganã, em março último.
Macchi indicou ainda querer a extradição do ex-presidente Raúl Cubas, que se encontra asilado no Brasil. "Acreditamos que não pode haver impunidade de nenhuma maneira. Nesse sentido, a extradição de Cubas deve ser solicitada".
O presidente paraguaio fez, no entanto, uma distinção entre Oviedo e Cubas, que não era acusado de crimes quando deixou o país. "Para nós, Cubas não era um delinquente, mas Oviedo, sim. Ele está condenado a dez anos de prisão".
O governo argentino protestou ontem contra as críticas de Galaverna ao ex-embaixador argentino no Paraguai Néstor Ahuad, acusado de ser colaborador de Oviedo pelo presidente interino.
O Uruguai e o Paraguai tentaram ontem apaziguar a crise. O presidente uruguaio, Julio María Sanguinetti, recebeu o senador paraguaio José Félix Fernández. Anteontem, o Uruguai tinha chamado seu embaixador no Paraguai para consultas e insinuado que poderia boicotar reunião do Mercosul em Assunção.
O Uruguai confirmou que recebeu um pedido de prisão do Paraguai para o senador Víctor Galeano, que pediu asilo político.


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