|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIPLOMACIA
Brasil evita criticar o Paraguai
ELIANE CANTANHÊDE
Diretora da Sucursal de Brasília
O Brasil se recusou ontem a tomar qualquer atitude ostensiva ou
assinar qualquer documento oficial de repúdio às declarações do
presidente interino do Paraguai,
Juan Galaverna. Ele havia dito que
os países do Mercosul "protegem
assassinos e delinquentes".
Apesar de receber propostas para manifestações conjuntas, tanto
da Argentina quanto do Uruguai,
os dois outros países do bloco, o
Brasil preferiu manter uma atuação nos bastidores e tentar minimizar o conflito.
"Aconselhamos moderação a todas as partes", disse ontem o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa.
"Nosso papel é botar água na fervura", disse à Folha, por telefone, o
embaixador brasileiro em Assunção (Paraguai), Bernardo Pericás.
O Brasil já concede asilo diplomático ao ex-ditador paraguaio
Alfredo Stroessner e acaba de decidir fazer o mesmo com o ex-presidente Raúl Cubas Grau, que já está
no Balneário Camboriú (SC).
Apesar disso, a diplomacia brasileira considerou que as declarações do presidente interino do Paraguai foram dirigidas principalmente para a Argentina, que deu
asilo ao general da reserva Lino
Oviedo, e para o Uruguai, que abriga um ex-ministro ligado a ele.
Oviedo é pivô da crise interna paraguaia e suspeito de ter mandado
assassinar a tiros o vice-presidente
Luiz Maria Argaña.
O ministro Luiz Felipe Lampreia
(Relações Exteriores) conversou
ontem com Galaverna e sugeriu
que a crise seja conduzida "com
moderação".
Lampreia também conversou,
em separado, com o chanceler paraguaio, Miguel Abdon Saguier,
que poderá ser candidato a vice-presidente do país e virá em missão oficial ao Brasil no dia 19.
Na interpretação brasileira, Galaverna é político e usou expressões compatíveis com palanques
eleitorais ou disputas políticas,
mas nunca num problema entre
países. Mas isso não pode se transformar numa crise no Cone Sul.
Na avaliação de Pericás, a situação "caminha para um entendimento".
No dia 12 de junho, haverá a reunião semestral dos países do bloco
em Assunção, no Paraguai. Em 28
e 29 daquele mês, a reunião será
entre eles e a União Européia, no
Rio. Fazem parte do Mercosul Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
O Itamaraty quer melhorar o clima
entre os parceiros do bloco até lá.
Texto Anterior: Tensão no Mercosul: Oviedo desestabiliza Paraguai, diz presidente Próximo Texto: Crise política: Golpe de Estado mata 100 na Guiné-Bissau Índice
|