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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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Para brasileira, idéia "soa até engraçada"

DA REDAÇÃO

Novidade nos EUA, a idéia de fazer das favelas atrações turísticas -e, ao mesmo tempo, chamar a atenção das pessoas para problemas sociais- tem alguns anos no Brasil. Só que, aqui, a experiência é in loco.
Por estar imersa nesse cenário, a carioca Rejane Reis, 42, coordenadora do Favela da Rocinha Tour, se chocou ao ouvir sobre a idéia americana. Mas considerou a iniciativa positiva.
"A princípio, fiquei chocada ao saber, achei estranho", disse Reis, que trabalha na Rocinha desde 1998, à Folha. "Soa até engraçado. Mas se o objetivo é esse [conseguir doações e voluntários para projetos habitacionais], então é bom", afirmou.
Reis coordena uma oficina gratuita onde os alunos -todos moradores da Rocinha- aprendem turismo, inglês, espanhol, primeiros socorros e informática durante quatro meses. As vagas são abertas duas vezes por ano. "O objetivo é mantê-los fora da ociosidade. Mas acaba sendo o primeiro passo para começarem a trabalhar."
O dinheiro para financiar o projeto (cerca de R$ 5.000 mensais, mas o orçamento encolhe na baixa temporada) vem dos turistas que a procuram diariamente para fazer o tour -uma caminhada de duas horas guiada pelas crianças da oficina que, além da inevitável parada para compras ("eles compram de tudo"), inclui visitas a centros comunitários, escolas e até à casa de um morador. O preço fica entre US$ 10 e US$ 28, dependendo do tamanho do grupo.
"Temos grupos todos os dias de duas ou três pessoas mas, na alta temporada, há dois, três grupos por dia, às vezes cada um com 50 pessoas", disse Reis. "Tem gente que, se precisar optar entre conhecer a Rocinha e o Corcovado, escolhe a Rocinha."
O mais interessante, segundo ela, é a mudança no perfil dos turistas nos últimos meses. "Antes só tínhamos estrangeiros. Só agora brasileiros começaram a procurar o tour, porque foi muito divulgado. Parece que perceberam que, se entrarem numa favela bem acompanhados, não há perigo algum." (LC)


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