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Em cerimônia "blindada", Uribe assume na Colômbia
Presidente inicia 2º mandato e afirma temer fracasso nas negociações de paz
Entre os desafios do novo governo estão o diálogo com as Farc e a redução da pobreza, que atinge metade da população colombiana
DA REDAÇÃO
Álvaro Uribe, 54, assumiu
ontem a Presidência da Colômbia para um segundo mandato
de quatro anos, admitindo o temor de um fracasso nas negociações de paz com os grupos
armados ilegais e de um retrocesso na área de segurança -tida como o maior trunfo de seu
governo iniciado em 2002.
"Não nos freia o medo para
negociar a paz. Confesso que
me preocupa algo diferente: o
risco de não chegar à paz e retroceder na segurança", disse
Uribe no discurso de posse no
Congresso.
O presidente afirmou estar
disposto a negociar com os grupos armados, mas que exigirá
"fatos irreversíveis" como condição para abrir os diálogos.
"Nunca permitiremos a paz
enganosa que alguém pode
querer assegurar com base na
capacidade criminosa que lhe
permita torcer a vontade democrática. Reitero nossa vontade de buscar a paz, para a qual
unicamente pedimos fatos. Fatos irreversíveis que expressem
o desejo de consegui-la", disse.
Em seu primeiro governo,
Uribe negociou a polêmica desmobilização de mais de 30 mil
paramilitares de direita das
AUC (Autodefesas Unidas da
Colômbia) e iniciou diálogos
preliminares com a segunda
guerrilha do país, o ELN (Exército de Libertação Nacional).
Porém não logrou avanços
com a mais poderosa delas, as
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Um
dos principais impasses diz respeito ao intercâmbio humanitário: a troca de reféns seqüestrados pelo grupo por guerrilheiros presos. Ontem, em um
protesto silencioso, um grupo
de parlamentares levantou fotografias dos seqüestrados enquanto Uribe discursava.
Blindagem
Ao todo, 11 presidentes latino-americanos e representantes de 68 países acompanharam a cerimônia, que teve, porém, ausências importantes,
como as de Hugo Chávez (Venezuela), Néstor Kirchner (Argentina) e do maior aliado de
Uribe, George W. Bush (EUA).
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva foi representado pela
mulher, Marisa.
Com o temor das autoridades
de que se repetissem os ataques
das Farc que mataram 21 pessoas em sua primeira posse, em
2002, a capital, Bogotá, foi
"blindada" para a cerimônia.
Cerca de 30 mil homens do
Exército e da polícia patrulhavam a cidade, com o apoio de 20
aeronaves militares. Na semana passada, três carros-bomba,
um deles na capital, mataram
21 militares e policiais e oito civis. Ontem, porém, o clima foi
de calma em todo o país.
De tendência direitista, Uribe é o primeiro presidente reeleito por voto popular para um
mandato consecutivo no país,
graças a uma reforma constitucional promovida por seu governo. Venceu o pleito em 28 de
maio com 62% dos votos,
apoiado na ampla aprovação
popular à sua política de linha-dura no combate aos grupos armados ilegais, que levou as taxas de homicídios e seqüestros
ao nível mais baixo em 20 anos.
Porém, e apesar dos US$ 4 bilhões de ajuda dos EUA ao Plano Colômbia desde 2000, o país
continua o maior produtor
mundial de cocaína. Outro desafio do novo governo será reduzir a pobreza: são mais de 21
milhões de colombianos pobres -metade da população- e
7,5 milhões de indigentes.
Com agências internacionais
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