São Paulo, Domingo, 08 de Agosto de 1999
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CRISE NO CÁUCASO
Governo ordena ofensiva contra grupo islâmico que ocupou duas cidades na região no sul do país
Rússia ataca rebeldes no Daguestão



das agências internacionais

Forças russas atacaram ontem um grupo rebelde que ocupou dois vilarejos no Daguestão (sul do país), segundo um porta-voz do Ministério do Interior russo.
O premiê Serguei Stepashin ordenou que forças militares "normalizem" a situação no Daguestão. O ataque teria sido realizado por helicópteros.
O Daguestão, localizado na região do Cáucaso, é uma pequena República de maioria islâmica que faz parte da Federação Russa.
Autoridades do Daguestão informaram que entre 200 e 500 membros de um grupo extremista islâmico teriam invadido ontem os vilarejos de Rakhat e Ansalta, vindos da vizinha Tchetchênia, República autônoma também pertencente à Rússia.
"Segundo informações que temos do local, helicópteros lançaram mísseis contra posições dos rebeldes fora do vilarejo de Rakhat, para não atingir civis", disse à agência de notícias "Reuters" um funcionário do governo russo no Daguestão.
A TV estatal russa informou ainda que os helicópteros tiveram apoio de artilharia por terra.
Forças dos ministérios do Interior e da Defesa foram enviadas para o sul do Daguestão, área montanhosa e de difícil acesso.
"Bandidos são bandidos. Precisamos enfrentá-los de modo apropriado. Nós temos a força e os meios", disse o premiê Stepashin, segundo a agência de notícias russa "Interfax".
O grupo rebelde, de acordo com agências de notícias russas, teria como objetivo ocupar uma parte do Daguestão para transformá-la num Estado islâmico.
Apesar de ter ordenado o envio de tropas, Stepashin foi cauteloso e procurou distanciar o incidente da revolta na Tchetchênia, que levou a Rússia a uma guerra que durou de 1994 a 96.
"A Rússia não vai repetir os seus erros no norte do Cáucaso. Soldados russos não vão morrer lá", disse Stepashin, que teve atuação importante na guerra contra os tchetchenos, pois chefiava o serviço de inteligência interno russo, muito criticado à época. Milhares de soldados e civis russos morreram naquele conflito.
A Tchetchênia nega que os rebeldes tenham se infiltrado no Daguestão a partir de seu território e alertou Moscou contra a concentração de tropas na região.
O Cáucaso tem cerca de 12 milhões de habitantes, nove grandes grupos étnicos e 70 etnias menores. Há regiões que pertencem à Rússia, como o Daguestão e a Ingushétia, e países independentes, como Geórgia e Azerbaijão.
Caracterizado por rivalidades étnicas e religiosas, o norte do Cáucaso tem sido uma constante fonte de problemas para o governo central em Moscou.


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