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MULTIMÍDIA
Le Monde - de Paris
Os porquês do apoio incondicional do Ocidente a Vladimir Putin
FRANÇA - O que leva as nações
ocidentais a apoiarem o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com
tanto ardor? Problemas sobre a
política russa no Cáucaso são descartados em nome de uma solidariedade muda. O ministro holandês do Exterior, Bertrand Bot,
perguntou se a operação na escola
de Beslan, com seus mais de 350
mortos, não mereceria explicações das autoridades russas. Mas
em seguida recuou sob pressão de
Moscou e de seus colegas da
União Européia.
A "Realpolitik" que leva o Ocidente a se abster de críticas ao senhor do Kremlin parte do pressuposto de que a Rússia permanece
poderosa. Ela perdeu sua força
demográfica. Sua economia equivale hoje à da Holanda. Mas ela
tem armas atômicas e poder de
veto no Conselho de Segurança.
O segundo atrativo russo é energético. Rica em petróleo e em gás,
a Rússia se tornou o primeiro
produtor mundial de combustíveis, na frente da Arábia Saudita.
Para China, Japão e para a Ásia
como um todo, suas reservas são
agora essenciais. Para os europeus, é uma energia mais acessível que a do Oriente Médio. Para
os Estados Unidos, ela está distante, mas corresponde a uma reserva confiável em caso de instabilidade no Oriente Médio.
Vladimir Putin sabe disso e está
reestatizando o setor, além de
construir dutos na direção dessas
três zonas de compradores.
O terceiro motivo do apoio ocidental está na história e na geografia. Diplomatas ocidentais
sempre preferiram apoiar um governo capaz de controlar esse vasto espaço euro-asiático.
É o caso do caldeirão do Cáucaso. Não que Washington, Paris e
Londres tenham evitado a tentação de estimular as minorias para
enfraquecer Moscou. Mas o 11 de
Setembro e o radicalismo islâmico construíram uma solidariedade à "guerra ao terrorismo".
Ao assimilar separatistas tchetchenos aos islâmicos, Putin encontrou o argumento de que precisava para prosseguir com a
guerra na Província.
Considerações geopolíticas, petrodólares e solidariedade contra
o "inimigo" dão carta branca ao
Kremlin. Depois da tomada de reféns em Beslan, Putin não tem nenhuma dúvida sobre a correção
de sua política tchetchena.
Aos que esperavam uma abertura ao diálogo, ele fecha as portas
e anuncia "novos métodos", cuja
brutalidade poderemos infelizmente imaginar. A pergunta é,
então, a seguinte: até quando as
diplomacias ocidentais estarão
predispostas a apoiá-lo?
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