São Paulo, domingo, 08 de outubro de 2000

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Sérvios fazem festa em São Paulo na noite da queda de Milosevic

EDUARDO LANG
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Brindando com rakija, uma aguardente de ameixa típica da região, iugoslavos se reuniram no Clube Sérvio de São Paulo para comemorar a queda do presidente Slobodan Milosevic.
Eles dizem que estão otimistas com a nova situação do país, mas ainda esperam que ela se consolide para decidir se voltam ou não para a Iugoslávia.
"Espero que as coisas melhorem, mas não acredito em nada que não possa ver. Tenho esperança, mas prefiro esperar", diz o programador Emil Beli, 28, que vivia em Belgrado antes de se mudar para o Brasil.
Aleksandar Misirlic, 22, afirmou: "O país vai melhorar. Dentro de alguns anos, vou voltar". Para ele, Vojislav Kostunica tem autoridade moral para liderar seu país rumo à democracia. "Ele é um intelectual, nunca esteve envolvido com os comunistas."
A precária situação política e econômica do país nos últimos dez anos provocou uma diáspora sérvia, que se espalhou pelo mundo inteiro, inclusive o Brasil. Os jovens foram os maiores afetados pela crise, que prejudicou seus planos profissionais e pessoais.
Misirlic estudava engenharia até um ano atrás, quando foi obrigado a trocar a Iugoslávia pelo Brasil, onde moram alguns de seus parentes. "Milhões de jovens já deixaram o país. Tenho amigos no Canadá, nos EUA, na França e no Kuait. Passei mais de metade da minha vida durante a crise", afirma. Seu sonho, agora, é terminar seus estudos no Brasil, mas encontra dificuldades, porque seu status de refugiado ainda não foi formalizado. "A burocracia aqui é maior do que em um país comunista como o meu."
Deixar a Iugoslávia após os bombardeios da Otan (1999) não foi uma decisão difícil para Beli. Havia um ano ele namorava via Internet a aeroviária brasileira Heloisa Beli, 27. Ela havia prometido que, assim que acabasse a guerra, iria visitá-lo. Cumpriu a promessa em setembro de 99. Em duas semanas já estavam casados e vieram morar no Brasil.



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