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Sérvios fazem festa em São Paulo
na noite da queda de Milosevic
EDUARDO LANG
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Brindando com rakija, uma
aguardente de ameixa típica da
região, iugoslavos se reuniram no
Clube Sérvio de São Paulo para
comemorar a queda do presidente Slobodan Milosevic.
Eles dizem que estão otimistas
com a nova situação do país, mas
ainda esperam que ela se consolide para decidir se voltam ou não
para a Iugoslávia.
"Espero que as coisas melhorem, mas não acredito em nada
que não possa ver. Tenho esperança, mas prefiro esperar", diz o
programador Emil Beli, 28, que
vivia em Belgrado antes de se mudar para o Brasil.
Aleksandar Misirlic, 22, afirmou: "O país vai melhorar. Dentro de alguns anos, vou voltar".
Para ele, Vojislav Kostunica tem
autoridade moral para liderar seu
país rumo à democracia. "Ele é
um intelectual, nunca esteve envolvido com os comunistas."
A precária situação política e
econômica do país nos últimos
dez anos provocou uma diáspora
sérvia, que se espalhou pelo mundo inteiro, inclusive o Brasil. Os
jovens foram os maiores afetados
pela crise, que prejudicou seus
planos profissionais e pessoais.
Misirlic estudava engenharia
até um ano atrás, quando foi obrigado a trocar a Iugoslávia pelo
Brasil, onde moram alguns de
seus parentes. "Milhões de jovens
já deixaram o país. Tenho amigos
no Canadá, nos EUA, na França e
no Kuait. Passei mais de metade
da minha vida durante a crise",
afirma. Seu sonho, agora, é terminar seus estudos no Brasil, mas
encontra dificuldades, porque seu
status de refugiado ainda não foi
formalizado. "A burocracia aqui é
maior do que em um país comunista como o meu."
Deixar a Iugoslávia após os
bombardeios da Otan (1999) não
foi uma decisão difícil para Beli.
Havia um ano ele namorava via
Internet a aeroviária brasileira
Heloisa Beli, 27. Ela havia prometido que, assim que acabasse a
guerra, iria visitá-lo. Cumpriu a
promessa em setembro de 99. Em
duas semanas já estavam casados
e vieram morar no Brasil.
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