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Rede de TV mostra o que governos escondem e preocupa EUA
DA REDAÇÃO
A rede de TV Al Jazeera, que
desbancou a CNN nos países árabes produzindo um artigo de primeira necessidade na região -liberdade de expressão-, preocupa os EUA devido à influência que
exerce sobre muçulmanos ao
mostrar cenas do Afeganistão.
O governo norte-americano
chegou a pedir que autoridades
qatarianas "influenciassem" a estação para que ela não transmitisse imagens que prejudicassem o
governo de George W. Bush. Em
visita a Washington, o xeque Hamad bin Khalifa al Thani, do Qatar (sede da Al Jazeera), confirmou a solicitação e explicou que
não pretende interferir na cobertura. "Explicamos a nossos amigos, norte-americanos e outros,
que estamos adotando um modelo parlamentar. A questão está encerrada, pois a vida parlamentar
exige que tenhamos uma mídia livre e confiável. É isso que estamos
tentando fazer", afirmou.
"Temos correspondentes nos
EUA [três" e temos correspondentes em Cabul e Candahar. Damos cobertura igual para ambos
os lados, e esse é nosso papel.
Apresentamos ambos os lados",
afirmou o diretor da Al Jazeera,
Muhammad Jassem al Ali.
A rede árabe tem dois correspondentes no Afeganistão
-Tayssir Alwani, em Cabul, e
Muhammad Khayr al Bourini, em
Candahar. "Há coisas que não podemos dizer diante do Taleban",
explica Al Bourini. "O grupo costuma nos proibir até de filmar."
A Al Jazeera é o canal árabe mais
visto no Oriente Médio por seu
grande alcance e sua política editorial independente e agressiva. A
rede se baseia nos relatos de seus
correspondentes mais do que nas
declarações oficiais dos países onde atua, ao contrário de muitos
canais da região.
Em programas como "Sem
Fronteiras" e "A Opinião do Outro", Al Jazeera dá espaço a debates sobre temas sensíveis à sociedade árabe, incluindo relações
com Israel. Dos 22 membros da
Liga Árabe, apenas o Líbano não
protestou contra a programação
ou funcionários da Al Jazeera. Na
Arábia Saudita, em diversas ocasiões, acabou a energia quando
programas considerados ofensivos ao regime eram transmitidos.
Dia de glória
Nos últimos dias e em particular
ontem, após a saída dos jornalistas ocidentais de Cabul, a rede de
TV CNN dependeu desse canal
árabe para mostrar imagens do
Afeganistão e as reações do grupo
extremista islâmico Taleban.
O correspondente da Al Jazeera
em Cabul, que dispõe de uma estação de transmissão por satélite,
mostrou cenas do bombardeio.
De Candahar, por outro lado, o
jornalista se comunica apenas por
videofone. Ambos falam com frequência sobre a catástrofe humana que se agrava no Afeganistão.
Osama bin Laden costuma se
comunicar com o exterior por
meio da Al Jazeera, como fez ontem. Em entrevista levada ao ar
em dezembro de 1998, Bin Laden
convocou os muçulmanos a lutar
contra os "infiéis" dos Estados
Unidos. A rede de televisão justificou a transmissão como uma forma de permitir que a audiência tivesse uma visão mais clara da
ideologia do milionário saudita,
apontado pelos EUA como o
principal suspeito dos atentados
do dia 11.
(PDF)
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