São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2001

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"É muito difícil evitar mortes", diz Quintão

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo do Brasil vai apoiar os ataques militares contra o Afeganistão mesmo se houver morte "inevitável" de civis, disse ontem o ministro da Defesa brasileiro, Geraldo Quintão.
O ministro ressalvou que não há, nas declarações dos EUA, nenhuma indicação de que civis estejam sendo alvos dos ataques. "É muito difícil evitar mortes. Um ou outro acho difícil. Mas isso acontece mais quando se ataca cidades. Eles não atacaram cidades, dizem ter atacado alvos."
Quintão disse não ter recebido pedido de apoio na área militar. A colaboração do Brasil com os EUA tem sido de outra forma. "A área de inteligência federal está trabalhando em perfeita consonância com os americanos."
A seguir, os principais trechos da entrevista do ministro à Folha.

Folha - O Brasil apóia os ataques dos EUA contra o Afeganistão?
Geraldo Quintão -
O Brasil apóia. Porque é uma ação militar contra o terrorismo. E tanto mais porque a ONU [Organização das Nações Unidas" apoiou também.

Folha - Além do apoio protocolar diplomático, o Brasil pretende oferecer ajuda com a participação de suas tropas?
Quintão -
Isso não está em cogitação. O que é importante notar agora é que, na sua declaração, o presidente americano disse ter o apoio de mais de 40 países para a ação militar. Ou seja, o mundo está dando apoio para essa ação.

Folha - O apoio do Brasil, portanto, vai se restringir ao diplomático?
Quintão -
O Brasil apoiou como devia apoiar. Depois de atos terroristas como os de 11 de setembro, o Brasil tinha de ficar do lado dos americanos.

Folha - Se houver mortes de civis, o apoio permanece?
Quintão -
Isso aí é o que a gente vai ver amanhã [hoje", o que eles atingiram. Os americanos estão dizendo que atingiram alvos específicos. E ao mesmo tempo jogaram alimentos lá.

Folha - Mas, ministro, e se morrerem civis, como fica a posição dos Estados Unidos?
Quintão -
É muito difícil evitar mortes. Um ou outro acho difícil. Mas isso acontece mais quando se ataca cidade. Eles não atacaram cidades, dizem ter atacado alvos. Vamos ver amanhã o que os jornais vão dizer, o que os americanos vão dizer.

Folha - Se ocorrerem mortes de civis, o sr. acha que muda o apoio que os EUA têm recebido?
Quintão -
Eu creio que não. Se forem mortes inevitáveis, eu creio que não. Porque há sempre o problema do inevitável. Mas não há uma ação deliberada para matar civis. Eles estão atingindo alvos.
Eles atacaram hoje para ter primeiro a superioridade aérea e depois ter a supremacia. Eu acredito que outros ataques virão.

Folha - Que tipo de pedido os EUA têm feito ao Brasil?
Quintão -
Na minha área, não há. Você tem aí a área de inteligência federal que está trabalhando em perfeita consonância com os americanos. Essa parte aí é com a Polícia Federal.


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