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"É muito difícil evitar mortes", diz Quintão
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo do Brasil vai apoiar
os ataques militares contra o Afeganistão mesmo se houver morte
"inevitável" de civis, disse ontem
o ministro da Defesa brasileiro,
Geraldo Quintão.
O ministro ressalvou que não
há, nas declarações dos EUA, nenhuma indicação de que civis estejam sendo alvos dos ataques. "É
muito difícil evitar mortes. Um ou
outro acho difícil. Mas isso acontece mais quando se ataca cidades. Eles não atacaram cidades,
dizem ter atacado alvos."
Quintão disse não ter recebido
pedido de apoio na área militar. A
colaboração do Brasil com os
EUA tem sido de outra forma. "A
área de inteligência federal está
trabalhando em perfeita consonância com os americanos."
A seguir, os principais trechos
da entrevista do ministro à Folha.
Folha - O Brasil apóia os ataques
dos EUA contra o Afeganistão?
Geraldo Quintão - O Brasil apóia.
Porque é uma ação militar contra
o terrorismo. E tanto mais porque
a ONU [Organização das Nações
Unidas" apoiou também.
Folha - Além do apoio protocolar
diplomático, o Brasil pretende oferecer ajuda com a participação de
suas tropas?
Quintão - Isso não está em cogitação. O que é importante notar
agora é que, na sua declaração, o
presidente americano disse ter o
apoio de mais de 40 países para a
ação militar. Ou seja, o mundo está dando apoio para essa ação.
Folha - O apoio do Brasil, portanto, vai se restringir ao diplomático?
Quintão - O Brasil apoiou como
devia apoiar. Depois de atos terroristas como os de 11 de setembro, o Brasil tinha de ficar do lado
dos americanos.
Folha - Se houver mortes de civis,
o apoio permanece?
Quintão - Isso aí é o que a gente
vai ver amanhã [hoje", o que eles
atingiram. Os americanos estão
dizendo que atingiram alvos específicos. E ao mesmo tempo jogaram alimentos lá.
Folha - Mas, ministro, e se morrerem civis, como fica a posição dos
Estados Unidos?
Quintão - É muito difícil evitar
mortes. Um ou outro acho difícil.
Mas isso acontece mais quando se
ataca cidade. Eles não atacaram
cidades, dizem ter atacado alvos.
Vamos ver amanhã o que os jornais vão dizer, o que os americanos vão dizer.
Folha - Se ocorrerem mortes de
civis, o sr. acha que muda o apoio
que os EUA têm recebido?
Quintão - Eu creio que não. Se
forem mortes inevitáveis, eu creio
que não. Porque há sempre o problema do inevitável. Mas não há
uma ação deliberada para matar
civis. Eles estão atingindo alvos.
Eles atacaram hoje para ter primeiro a superioridade aérea e depois ter a supremacia. Eu acredito
que outros ataques virão.
Folha - Que tipo de pedido os EUA
têm feito ao Brasil?
Quintão - Na minha área, não há.
Você tem aí a área de inteligência
federal que está trabalhando em
perfeita consonância com os
americanos. Essa parte aí é com a
Polícia Federal.
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