São Paulo, sábado, 08 de outubro de 2005

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HOMENAGEM

Agência tem 2.200 técnicos e orçamento de US$ 343 milhões; Irã e Coréia do Norte são hoje suspeitos de desvio militar

Lenta e pressionada, AIEA age em 140 países

DA REPORTAGEM LOCAL

A AIEA reúne, em Viena, um quadro de 2.200 técnicos que são vistos como altamente qualificados para atuar em todos os campos da energia nuclear. A agência funciona com um orçamento anual de US$ 343 milhões.
Há deficiências, como o peso da máquina, o excesso de burocracia e o entrave de decisões por pressões políticas dos 35 países que integram o conselho de governadores. Há ainda o fato de, segundo as regras do multilateralismo, certas tarefas internas serem cumpridas só a partir de um mandado obtido por amplo e demorado consenso.
Mesmo assim, a missão da AIEA chega a 140 países, desde os que dispõem de modestos equipamentos médicos com algum produto radioativo aos que, mais ambiciosos, possuem centrais nucleares para gerar eletricidade.
A agência surgiu em 1957, quando o chamado "clube atômico" (de início integrado apenas pelos Estados Unidos) crescia e exigia regras que evitassem o desvio de equipamentos para fins militares.
Em 1970, entrou em vigor o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. O documento definiu aqueles que poderiam ou não ter a bomba atômica. Os países signatários optam por impedir que ocorra a proliferação e se submetem a monitoração e inspeções.
Alguns países, como Israel, ficam de fora por não serem signatários do TNP. A Coréia do Norte retirou-se do tratado em 2003.
Em 1991, após a Guerra do Golfo, a agência sofisticou os mecanismos de monitoração para impedir que o Iraque retomasse seu programa nuclear paralelo.
E, mais recentemente, mapeou o estrago provocado pelo Paquistão por meio de um mercado negro de reatores ou de dispositivos para o enriquecimento de urânio.
No ano passado, a agência recebeu 121 denúncias relativas a essas ou outras formas menos graves de tráfico de peças e combustível.
É também a AIEA que abastece o Conselho de Segurança com documentos que comprovam que determinado país está com um programa militar proibido. O conselho tem a atribuição de votar sanções econômicas.
Especialistas concordavam ontem que o Nobel da Paz aumentou de modo considerável o peso e o prestígio político da AIEA. O que não significa, necessariamente, que o Irã (que tem com a agência negociações difíceis) ou a Coréia do Norte (com ela rompida) se submetam com maior docilidade. A premiação pode muito bem, ao contrário, estimular uma atitude de intransigência.
(JOÃO BATISTA NATALI)


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