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HOMENAGEM
Agência tem 2.200 técnicos e orçamento de US$ 343 milhões; Irã e Coréia do Norte são hoje suspeitos de desvio militar
Lenta e pressionada, AIEA age em 140 países
DA REPORTAGEM LOCAL
A AIEA reúne, em Viena, um
quadro de 2.200 técnicos que são
vistos como altamente qualificados para atuar em todos os campos da energia nuclear. A agência
funciona com um orçamento
anual de US$ 343 milhões.
Há deficiências, como o peso da
máquina, o excesso de burocracia
e o entrave de decisões por pressões políticas dos 35 países que integram o conselho de governadores. Há ainda o fato de, segundo as
regras do multilateralismo, certas
tarefas internas serem cumpridas
só a partir de um mandado obtido
por amplo e demorado consenso.
Mesmo assim, a missão da
AIEA chega a 140 países, desde os
que dispõem de modestos equipamentos médicos com algum
produto radioativo aos que, mais
ambiciosos, possuem centrais nucleares para gerar eletricidade.
A agência surgiu em 1957, quando o chamado "clube atômico"
(de início integrado apenas pelos
Estados Unidos) crescia e exigia
regras que evitassem o desvio de
equipamentos para fins militares.
Em 1970, entrou em vigor o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. O documento definiu aqueles que poderiam ou não ter a
bomba atômica. Os países signatários optam por impedir que
ocorra a proliferação e se submetem a monitoração e inspeções.
Alguns países, como Israel, ficam de fora por não serem signatários do TNP. A Coréia do Norte
retirou-se do tratado em 2003.
Em 1991, após a Guerra do Golfo, a agência sofisticou os mecanismos de monitoração para impedir que o Iraque retomasse seu
programa nuclear paralelo.
E, mais recentemente, mapeou
o estrago provocado pelo Paquistão por meio de um mercado negro de reatores ou de dispositivos
para o enriquecimento de urânio.
No ano passado, a agência recebeu 121 denúncias relativas a essas
ou outras formas menos graves de
tráfico de peças e combustível.
É também a AIEA que abastece
o Conselho de Segurança com documentos que comprovam que
determinado país está com um
programa militar proibido. O
conselho tem a atribuição de votar sanções econômicas.
Especialistas concordavam ontem que o Nobel da Paz aumentou de modo considerável o peso
e o prestígio político da AIEA. O
que não significa, necessariamente, que o Irã (que tem com a agência negociações difíceis) ou a Coréia do Norte (com ela rompida)
se submetam com maior docilidade. A premiação pode muito
bem, ao contrário, estimular uma
atitude de intransigência.
(JOÃO BATISTA NATALI)
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