São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2007

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Russos lembram morte de jornalista

Em manifestação paralela em Moscou, jovens comemoram aniversário de 55 anos do presidente Putin

Anna Politkovskaya foi morta em sua casa após denunciar massacres na Tchechênia; festa para Putin foi bancada pelo governo

DA REDAÇÃO

Duas manifestações agitaram Moscou ontem. Em defesa da jornalista Anna Politkovskaya, morta há um ano, cerca de 2.000 pessoas carregavam cravos, pedindo que seus assassinos fossem encontrados e condenados. E outras 5.000, ao som de música pop, celebravam o aniversário de 55 anos do presidente Vladimir Putin.
"Devemos brigar pela liberdade", disse Dmitry Muratov, editor do "Novaya Gazeta", onde Politkovskaya trabalhava, aos manifestantes -entre eles membros da agremiação oposicionista Outra Rússia.
Segundo o "New York Times", o jornal russo e o promotor já sabem quem é o criminoso. A informação deve ser publicada hoje, na edição especial pelo um ano do assassinato.
Seus colegas puseram flores no local onde ela morava e foi assassinada. Politkovskaya criticava o desrespeito aos direitos humanos, em especial na república russa da Tchetchênia, que viveu um conflito separatista durante os anos 1990.
Até hoje ninguém foi condenado, mas as autoridades dizem que as investigações estão perto do fim e que os melhores criminalistas da Rússia trabalham com seis hipóteses.
"Hoje é a comemoração oficial do aniversário de Putin, mas, em alguns anos, as pessoas vão lembrar este dia pela morte de Anna", disse o ex-enxadrista Garry Kasparov, hoje um dos principais nomes da oposição ao presidente Putin.

Prisões
A manifestação foi calma em Moscou, mas, em Nizhni Novgorod -cidade com fama de dissidente desde a década de 70-, cinco estrangeiros foram detidos. Eles participariam de uma conferência internacional organizada por defensores dos direitos humanos.
A reunião, porém, foi cancelada, e os estrangeiros, desalojados do hotel onde estavam por "erros de agenda" e "grande afluência de turistas". Os cinco foram presos e multados por "violar as normas de permanência na Federação Russa".
Putin deu uma festa para militares e amigos no Kremlin, a última como presidente: deixa o cargo em março e anunciou que concorrerá ao Parlamento em dezembro para permanecer no poder como premiê.
"Recebo pessoas que respeito profundamente. Meu respeito é por tudo o que vocês e seus subordinados fizeram para restaurar o prestígio das Forças Armadas", afirmou Putin.
O Nashi, principal grupo jovem pró-Kremlin, juntou 5.000 pessoas para comemorar o aniversário. "Eu tinha 12 anos quando Putin se tornou o presidente, e agora nosso país voltou a ser forte", disse Daria Morina, 19. Segundo ela, o governo pagou pelo evento do Nashi.


Com agências internacionais


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