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Dresden espelha idas e vindas da recuperação no Leste Europeu
DA ENVIADA A DRESDEN
De cada 2 chips produzidos
atualmente na Europa, 1 vem
de Dresden, afirma orgulhoso
Dirk Hilbert, vice-prefeito da
cidade e encarregado de seu
Departamento Econômico. Só
para depois reclamar da concorrência asiática e da dificuldade em atrair investimentos
externos porque suas empresas
são pulverizadas demais -95%
têm menos de 50 empregados.
Nascido e criado na cidade,
Hilbert, 38, lembra que o investimento na indústria de semicondutores se provou frutífero
de cara, e a cidade virou um
exemplo pulsante. Em 2002, o
setor empregava 19 mil na região. Em 2007, eram 44 mil.
"Estávamos indo bem, até
que na última crise a Quimonda quebrou", afirma Hilbert.
Quimonda era a maior empresa
local e empregava mais de 40
mil pessoas. O desemprego, antes baixo, hoje supera 11%.
Parte da geração de Hilbert
foi embora com a queda do muro, e o esforço agora é para reter
os mais jovens, desenvolvendo
institutos de tecnologia para
evitar que saiam para estudar
no Oeste e fiquem lá de vez.
Nacionalismo
Mas com a desocupação em
alta, o sentimento de frustração entre os jovens ganha eco
nos movimentos nacionalistas.
Hilbert nega haver problemas
com violência ou racismo, mas
pesquisa citada pela Bloomberg aponta um crescimento de
55% da violência contra estrangeiros no Estado da Saxônia.
Em fevereiro, para marcar o
aniversário da destruição de
Dresden na Segunda Guerra,
grupos neonazistas atraíram
6.000 pessoas para uma passeata anti-imigrantes (4% da
população é de imigrantes, diz
Hilbert; em 2001, eram 2,5%).
Quanto mais se vai para o
Leste rumo à Polônia, onde o
setor se calcava na indústria
energética a carvão, mais esse
niilismo cresce.
Se em Dresden cerca de 10%
da população foi embora -parte disso acabou voltando-,
mais ao Leste há pequenas cidades inteiras sumindo do mapa. Com um alto índice de emigração de jovens, sobretudo
mulheres, o que resta nelas é
uma massa de homens de meia-idade desempregada que sobrevive da rede de seguridade
social estatal e da agricultura
de subsistência.
"Lugares como Hoyerswerda
e Zittau perderam metade dos
habitantes e estão desaparecendo", afirma Hilbert. "O governo já não consegue nem
mais achar médicos para mandar para lá, ninguém quer ir.
Escolas e creches estão fechando". Em cidades assim, os índices de alcoolismo e de doenças
psíquicas cresce.
Uma forma de tentar reativar
essas cidades é atrair para elas
turistas, construindo, em uma
paisagem mineradora quase lunar, balneários em torno de lagos que possam trazer gente e
estimular o comércio.
Mas leva tempo, e o plano esbarra em um propalado desinteresse dos habitantes da antiga República Federal da Alemanha pelo outro lado. "Se a
separação persistisse, acho que
eles praticamente teriam esquecido os orientais. Eles visitam a Espanha, a França, mas
não têm nenhum interesse na
Alemanha Oriental", diz o historiador Siegfried Suckut.
Dresden, uma exceção devido a um conjunto arquitetônico secular (parte dele foi arrasado na Guerra e depois reconstruído), recebe 10 milhões
de visitantes por ano e é o 6º lugar mais visitado da Alemanha.
"O problema é que ainda há
poucos estrangeiros", diz Hilbert. Ironicamente, ele se anima com visitantes há 20 anos
indesejados. "Os russos agora
estão vindo em massa."
(LC)
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