São Paulo, domingo, 8 de novembro de 1998

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HISTÓRIA OFICIAL
"Exército não deve perdão'

do enviado especial

O principal argumento dos ex-integrantes do governo Augusto Pinochet para neutralizar as acusações de violações aos direitos humanos é que a situação do Chile na época do golpe militar era "quase de guerra civil".
"As Forças Armadas não foram as causadoras do que ocorreu em 11 de setembro de 1973 (data do golpe). Foram outros os causadores. A situação era quase de guerra civil", disse à Folha o general da reserva Jorge Ballerino, 59, ex-chefe da Casa Militar de Pinochet.
Segundo ele, o presidente socialista Salvador Allende, eleito em 1970 numa coalizão de esquerda que incluía o Partido Comunista, estava transformando o Chile numa nova Cuba. Allende morreu durante o golpe de Estado.
As mortes, para Ballerino, teriam sido causadas por choques entre as Forças Armadas e guerrilheiros de esquerda.
"Não sei até que ponto foram tantas mortes. Na Guerra Civil Espanhola, foram cerca de 1 milhão de mortos. Não estou justificando as mortes, mas foi uma luta injusta, em que se contam somente as vítimas de um lado", afirma.
"Não se fala das centenas de pessoas, tanto das Forças Armadas quanto gente que não tinha nada a ver com o assunto, que morreram pela violência guerrilheira. Foi a isso que o Exército botou um ponto final. A paz em que vivemos hoje devemos ao Exército", diz ele.
Segundo Ballerino, os militares chilenos não devem pedir perdão pelas violações aos direitos humanos, algo que é continuamente exigido por adversários do regime militar.
"O Exército do Chile não vai pedir perdão por ser vitorioso, por ter evitado uma guerra civil e por ter transformado o país num dos que mais se desenvolveu nos últimos tempos".
"Se é preciso pedir perdão, outros devem fazê-lo", diz o general, que foi um dos braços direitos de Pinochet. Ele afirma "conhecer pouco o tema dos desaparecidos políticos". "Não tenho resposta para esta questão", diz. (OD)



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