São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2001

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"Osama foi visto ontem", alega comandante

RICHARD LLOYD PARRY
DO "THE INDEPENDENT", EM TORA BORA

O comandante Kalan Mir tem uma longa barba tingida de laranja e um jeito alegre e, quando falou pela primeira vez, ninguém acreditou nele. "Que cor era o cavalo?", alguém perguntou. "Quantos homens havia?"
O comandante foi inflexível. "Osama foi visto ontem por nossos soldados, com seus guardas, em um cavalo", disse. "Ele estava cavalgando de volta a Melawa depois de visitar seus homens na linha de frente."
O cavalo era castanho, afirmou. Os guarda-costas eram quatro. "Foi perto daquela cordilheira ali", no vale de Melawa, onde os soldados da Al Qaeda ainda se escondem, a três quilômetros de onde estávamos.
Não sei se Osama bin Laden está nas Montanhas Brancas, mas todos parecem estar convencidos disso. Mir acredita que sim, assim como o comandante Haji Zaman. Os americanos também crêem nisso, a julgar pelo quase constante zumbido de B-52s e caças e as estrondosas bombas que caem na área de Tora Bora.
Estávamos no local onde a estrada vinda de Jalalabad se torna íngreme. De repente, um comboio de picapes parou. Zaman viera visitar o front, e seus homens iriam com ele. Subi com alguns deles na caçamba de uma picape.
Após dez minutos, estávamos numa colina. O jovem Murad Shah disse que afegãs, mulheres dos árabes da Al Qaeda, haviam sido vistas no front, lutando com seus maridos. Depois, ouvi a história dos 11 mujahidin capturados no dia anterior pelos árabes e libertados após um breve sermão.
Não mais que 500 metros adiante, a batalha de Tora Bora acontecia. Na verdade, batalha é uma palavra muito sofisticada para esse tipo de combate, que tem mais em comum com uma brincadeira explosiva de esconde-esconde do que com um confronto entre Exércitos.
Mas, mais interessante era a comunicação por rádio entre Candahar e combatentes da Al Qaeda, interceptada pelos mujahidin. "Como está o xeque?", perguntou alguém. "O xeque está bem", foi a resposta.
"Eles são da Al Qaeda", disse um mujahidin. "E só há um homem a quem eles se referem como "o xeque': Osama."


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