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Reeleição não é projeto pessoal, diz Chávez
Depois de ato falho em que deu a entender que pretende ficar no governo até 2021, venezuelano minimiza proposta
Presidente fala em vitória única na região, acena para os EUA e busca aproximação do peruano García, com quem vinha trocando farpas
PEDRO DIAS LEITE
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Embalado pela lua cheia que
se erguia sobre o Palácio da Alvorada, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou
que a reeleição indefinida "não
é parte fundamental nem essencial" do seu plano de governo e tampouco é um "projeto
pessoal".
Chávez disse que conversou
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva sobre a reeleição
indefinida e que o brasileiro
brincou que, por ele, não há
problema, pois Chávez não seria candidato no Brasil mesmo.
"Não é nenhum projeto pessoal. Não é parte fundamental
nem essencial do projeto nacional Símon Bolívar, que é um
projeto que transcende medidas como essas", disse Chávez,
lembrando que qualquer mudança que venha a ser feita na
Constituição terá de ser aprovada em um referendo.
Durante a campanha eleitoral em seu país, onde foi reeleito com mais de 60% dos votos
no último domingo, Chávez cometeu um ato falho, quando
deixou escapar que ficaria no
poder pelo menos até 2021.
Passava das 23h quando Chávez deu essa entrevista, anteontem à noite, na saída do Palácio da Alvorada: "Nos reunimos, uma boa taça de vinho para celebrar nossas vitórias. Como Lula disse, é uma só vitória.
É a vitória, permitam-me a
poesia, dessa lua cheia sul-americana. É a vitória da esperança de um mundo melhor."
A afinidade entre os dois era
tanta que o venezuelano reiterou as críticas de Lula à mídia
dos dois países. Apesar de sugerir a "virada dessa página", afirmou que certos veículos desrespeitam a lei e tentam ridicularizar a figura presidencial.
Aproximação
Ontem, Chávez se reuniu
com Lula por cinco horas no
Palácio do Planalto, para tratar
principalmente de temas ligados à energia. Em entrevista
após o encontro, o presidente
venezuelano sinalizou uma
aproximação do colega peruano, Alan García, com quem trocou duros ataques nos últimos
meses.
Em recente eleição no Peru,
o venezuelano apoiou o adversário de García, o nacionalista
Ollanta Humala. "Entre cavalheiros tudo é possível, entre
chefes de Estado tudo é possível. Nós não temos nada contra
o Peru", disse Chávez, que citou
uma recente entrevista de García na qual admitiu cumprimentá-lo pela vitória eleitoral.
"Como diz Rafael Correa
[presidente eleito do Equador],
a América Latina passa por um
terremoto político. E num terremoto político ocorrem muitas coisas, como debates. Agora, se o presidente peruano, que
é um presidente legítimo, sem
dúvida, lança esse sinal ao presidente da Venezuela, eu respondo com o mesmo ânimo de
conciliação", afirmou Chávez.
"Por trás de problemas e opiniões pessoais ou políticas, há
um projeto fundamental que é
a união da América do Sul."
Sobre os EUA, reiterou uma
leve possibilidade de trégua depois que Washington reconheceu que seu país é uma democracia. "Desejamos uma relação de respeito, uma boa relação política com qualquer governo dos Estados Unidos, mas
desde que haja respeito."
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