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Imprensa árabe prevê "era de incerteza"
PAULO DANIEL FARAH
enviado especial a Túnis
Os jornais árabes enaltecem o
papel do rei Hussein na manutenção da estabilidade política na Jordânia e na promoção da paz no
Oriente Médio. Anunciam, agora,
uma era de incerteza na região
após sua morte.
No editorial "Adeus, Hussein.
Adeus, promotor da paz", o jornal
"Al Arab", publicado em Londres,
afirma, em tom épico, que "o homem que conduziu o navio de seu
país entre ventos e tormentas não
chegou ao final da viagem sem antes garantir que a embarcação
atingisse o porto da segurança e da
estabilidade. A situação é bem melhor do que 50 anos atrás (Hussein
estava no poder desde 1952)".
O diário destaca a contribuição
do rei para as negociações de paz
entre palestinos e israelenses, apesar das "possibilidades limitadas
da Jordânia". Mais da metade da
população jordaniana é de origem
palestina.
Analistas políticos árabes parecem concordar que o presidente
egípcio, Hosni Mubarak, deve participar de forma mais significativa
do processo de paz após a morte
do rei Hussein. Tanto o Egito
quanto a Jordânia assinaram acordos de paz com Israel.
O jornal tunisiano "La Presse"
afirma, em seu editorial, que o rei
deixou "uma mensagem vigorosa
para a paz", por meio de "dois atos
de coragem política".
Em 1988, Hussein "rompeu as relações administrativas" com a Cisjordânia (conquistada da Jordânia
em 67 por Israel) para permitir a
criação de um Estado palestino.
Em 94, o país pôs fim ao estado de
guerra com Israel.
Para o jornal, a situação atual está longe de ser tranquila: "O processo de paz com Israel em crise...
situação tensa, para não dizer incerta, em relação ao Iraque".
Segundo o jornalista Hicham al
Qarui, muitos intelectuais árabes
acreditam que "a ausência do rei
vai acelerar a queda do regime".
Al Qarui afirma que muitos
"oposicionistas" consideram o
tratado de paz firmado com Israel
um "erro". Segundo eles, o acordo
não teria trazido benefícios para a
Jordânia, que enfrenta uma crise
econômica agravada pelo embargo imposto ao Iraque, importante
parceiro comercial. O desemprego
atinge cerca de 30% da população
jordaniana.
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