São Paulo, Terça-feira, 09 de Fevereiro de 1999
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Imprensa árabe prevê "era de incerteza"

PAULO DANIEL FARAH
enviado especial a Túnis

Os jornais árabes enaltecem o papel do rei Hussein na manutenção da estabilidade política na Jordânia e na promoção da paz no Oriente Médio. Anunciam, agora, uma era de incerteza na região após sua morte.
No editorial "Adeus, Hussein. Adeus, promotor da paz", o jornal "Al Arab", publicado em Londres, afirma, em tom épico, que "o homem que conduziu o navio de seu país entre ventos e tormentas não chegou ao final da viagem sem antes garantir que a embarcação atingisse o porto da segurança e da estabilidade. A situação é bem melhor do que 50 anos atrás (Hussein estava no poder desde 1952)".
O diário destaca a contribuição do rei para as negociações de paz entre palestinos e israelenses, apesar das "possibilidades limitadas da Jordânia". Mais da metade da população jordaniana é de origem palestina.
Analistas políticos árabes parecem concordar que o presidente egípcio, Hosni Mubarak, deve participar de forma mais significativa do processo de paz após a morte do rei Hussein. Tanto o Egito quanto a Jordânia assinaram acordos de paz com Israel.
O jornal tunisiano "La Presse" afirma, em seu editorial, que o rei deixou "uma mensagem vigorosa para a paz", por meio de "dois atos de coragem política".
Em 1988, Hussein "rompeu as relações administrativas" com a Cisjordânia (conquistada da Jordânia em 67 por Israel) para permitir a criação de um Estado palestino. Em 94, o país pôs fim ao estado de guerra com Israel.
Para o jornal, a situação atual está longe de ser tranquila: "O processo de paz com Israel em crise... situação tensa, para não dizer incerta, em relação ao Iraque".
Segundo o jornalista Hicham al Qarui, muitos intelectuais árabes acreditam que "a ausência do rei vai acelerar a queda do regime".
Al Qarui afirma que muitos "oposicionistas" consideram o tratado de paz firmado com Israel um "erro". Segundo eles, o acordo não teria trazido benefícios para a Jordânia, que enfrenta uma crise econômica agravada pelo embargo imposto ao Iraque, importante parceiro comercial. O desemprego atinge cerca de 30% da população jordaniana.


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