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ADEUS AO REI
Autoridades de países em conflito, como EUA e Iraque, desfilam juntos; Clinton fala sobre a saúde de Ieltsin
Funeral provoca encontro de inimigos
da Redação
O enterro do rei Hussein, ontem,
em Amã, reuniu em um mesmo local dezenas de chefes de Estado, representando cerca de 75 países.
Poucas vezes se viu em um mesmo
espaço tantos líderes de regimes
com disputas políticas e militares
entre si.
Autoridades árabes e israelenses,
gregas e turcas, americanas e iraquianas acompanharam a cerimônia de despedida. A situação causou alguns encontros embaraçosos e muitos desencontros propositais. Leia a seguir alguns fatos
que marcaram o evento.
PRIMEIRA VEZ O presidente da
Síria, Hafez Assad, participou ontem pela primeira vez de uma cerimônia em que também estava um
primeiro-ministro de Israel.
Assad tomou precauções para
evitar um esbarrão com algum integrante da delegação israelense.
Enquanto todos seguiam o enterro
a pé, ele foi de carro.
CARA A CARA Khaled Meshal,
ativista do Hamas que sobreviveu
a uma tentativa de assassinato do
Mossad (serviço secreto israelense) na Jordânia, em 97, aprontou
uma surpresa ontem aos mandantes do crime.
Ele passou pelo caixão do rei Hussein poucos minutos antes do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, e do novo chefe do Mossad,
Ephraim Halevy (cujo antecessor
no cargo, Danny Yatom, caiu após
a ação fracassada, que estremeceu
as relações entre Israel e Jordânia).
VISITA RELÂMPAGO O presidente russo, Boris Ieltsin, permaneceu em Amã por apenas duas
horas e meia. Prestou homenagem
ao rei Hussein e teve um breve encontro com Bill Clinton.
Segundo a agência de notícias
"Itar-Tass", Clinton teria dito a
Ieltsin que ele está com boa aparência, apesar das notícias sobre
sua saúde. Jornalistas presentes
disseram que o líder russo parecia
distante, desnorteado e precisava
de ajuda para caminhar.
RELAÇÕES PERIGOSAS Um
aperto de mão não passou despercebido no meio da multidão de líderes presentes no funeral.
O presidente de Israel, Ezer Weizman, irritou o chanceler Ariel Sharon ao cumprimentar Naief Hawatme, líder da FDLP, organização
palestina contrária ao acordo de
paz de 93. "Você não devia ter
apertado a mão de um assassino
manchada com sangue judeu",
disse Sharon ao presidente.
ILUSTRES AUSENTES Os principais governantes do mundo árabe
foram dar adeus ao monarca jordaniano. Mas nem todos puderam
comparecer.
Os ditadores do Iraque e da Líbia
-dois países sob sanções econômicas aprovadas pela ONU- optaram por ficar no abrigo de seus
países. Saddam Hussein enviou o
vice-presidente Taha Mohieddin
Ma'rouf, e Muammar Gaddafi
mandou seu filho mais velho.
CONCORRENTES Os três principais candidatos das eleições gerais
de 17 de maio, em Israel, estiveram
lado a lado ontem em Amã. O ex-comandante das Forças Armadas
Ehud Barak e o ex-ministro da Defesa Yitzhak Mordechai disputavam com o premiê Netanyahu a
atenção da mídia israelense.
TIO HASSAN O novo rei da Jordânia, Abdullah, teve um companheiro inseparável enquanto a fila
de autoridades passava pelo caixão
de seu pai.
O ex-príncipe herdeiro Hassan, irmão de Hussein afastado da sucessão há apenas três semanas, posou
para as câmeras como o braço direito do novo monarca, seu sobrinho.
PRESIDENTES NO AR Bill Clinton teve uma noite diferente a caminho da Jordânia, a bordo do
avião presidencial Air Force One.
Durante duas horas, debateu política internacional com três ex-presidentes: George Bush, Jimmy Carter e Gerald Ford.
Segundo a "Associated Press", não
havia camas de luxo para tantos
presidentes. Ford e Bush dormiram em camas dobráveis. Carter
cochilou em um saco de dormir na
sala de reuniões da aeronave.
FÉRIAS NA NEVE O premiê canadense, Jean Chrétien, foi criticado
ontem nos meios políticos de seu
país. É acusado de diminuir o papel do país no cenário internacional. Ele passa férias em uma estação de esqui e mandou o chanceler
Lloyd Axworthy para o funeral em
Amã.
IMPEACHMENT Apenas dois senadores norte-americanos -o republicano Ted Stevens e o democrata Patrick Leahy- representaram o Congresso dos EUA no funeral. Eles voltam de imediato para comparecer à votação final do
processo de impeachment de Clinton, prevista para quinta ou sexta.
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