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Milícia organiza saques e espalha terror em Najaf
DA REDAÇÃO
Os moradores de Najaf, centro-sul do Iraque, ficaram felizes de se
verem livres do governo tirânico
do partido Baath quando a cidade
foi ocupada pelas forças norte-americanas, semana passada.
Mas parecem ainda mais aterrorizados com seus novos governantes: uma obscura milícia iraquiana apoiada pelos EUA.
A milícia, autodenominada Cinu (Coalizão Iraquiana da Unidade Nacional), é acusada pelos moradores de praticar saques e espalhar o terror impunemente.
Seu líder, que diz ser um ex-coronel da artilharia iraquiana que
tem trabalhado clandestinamente
com a oposição ao Baath desde
1996, anunciou ontem que ele era
o prefeito em exercício da cidade.
"Eles roubam e roubam", disse
Abu Zeinab, morador de Najaf. "E
nos ameaçam dizendo: "Estamos
com os americanos, vocês não podem fazer nada'".
Na última segunda, um tradutor do Exército americano disse
que foi arrancado de sua casa e espancado pela milícia quando se
recusou a entregar o carro. O veículo foi levado assim mesmo.
Desde que ocuparam as principais cidades iraquianas e puseram
abaixo o governo do Baath, as forças anglo-americanas têm se visto
às voltas com saques e milícias.
Segundo Ali Shukri, do Centro
para o Oriente Médio da Universidade de Oxford, Reino Unido,
os invasores precisam agir logo
nesse sentido, sob pena de perder
a boa vontade dos iraquianos.
As forças especiais dos EUA disseram estar investigando as reclamações dos moradores de Najaf.
No entanto, elas se negam a falar
sobre a formação da milícia Cinu
e a origem de seus membros.
A cidade de Basra, controlada
pelos britânicos, passa por saques
tão generalizados que seus moradores até fazem piada, referindo-se aos ladrões como "Ali Babá".
Por trás do aparente bom humor,
no entanto, há um sentimento de
revolta contra os britânicos.
"Esses soldados britânicos fazem vista grossa aos saques", disse um caminhoneiro a um correspondente da agência Reuters.
Bandidos armados com fuzis
AK-47 invadem casas, lojas e prédios públicos, levando embora o
que encontram no caminho, de
mobília a querosene.
Ontem, enquanto os tanques
Challenger protegiam cruzamentos-chave na região central da cidade, moradores frustrados se
perguntavam por que os saqueadores podiam circular livremente.
Os comandantes militares na cidade minimizam a importância
dos saques. Para o marechal-do-ar Brian Burridge, a culpa pela pilhagem é do ódio generalizado em
relação a Saddam Hussein.
Na Bagdá ocupada pelos militares americanos, um repórter da
agência Reuters viu ontem iraquianos pilhando prédios do governo, abandonados depois do
assalto dos EUA à cidade.
Moradores corriam pelas ruas
com mobília e outros itens que
pareciam ter sido tirados de prédios públicos. Um garoto empurrava uma bicicleta sobre a qual estava amarrada uma poltrona. Um
homem em outra rua praguejava
contra os saques: "Ladrões!"
Até os americanos sucumbiram
ao butim. Os soldados que invadiram anteontem o Novo Palácio
Presidencial saquearam cinzeiros,
travesseiros, objetos de cristal
pintados de dourado e outros
itens. "Esta cidade é nossa", orgulhou-se o capitão Chris Carter.
Com "Financial Times" e Reuters
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