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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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SUL

Autoridade local terá comitê administrativo com xeque à frente, cujo nome não foi divulgado

Britânicos formam governo em Basra

Tony Nicoletti/Reuters
Iraquianos olham imagem de Saddam Hussein jogada em rio de Basra, cidade no sul do Iraque


DA REDAÇÃO

As forças britânicas começaram a montar ontem o primeiro governo pós-guerra, colocando um "xeque local" no poder em Basra (545 km ao sul de Bagdá), logo depois do fim de duas semanas de combate pelo controle da segunda maior cidade iraquiana, com cerca de 1,2 milhão de habitantes.
O coronel Chris Vernon, porta-voz das forças britânicas no Iraque, informou que o xeque é um líder tribal que não estava exilado fora do país. Os britânicos se recusaram a informar seu nome e sua filiação religiosa.
O porta-voz disse que o xeque havia se reunido durante duas horas com comandantes britânicos anteontem, quando foi pedido que ele montasse um comitê administrativo com representantes de outros grupos do sul do Iraque.
O xeque e seu comitê seriam as primeiras autoridades civis do "Iraque libertado".
De acordo com Vernon, o xeque deu a entender que poderia indicar alguns membros do partido Baath, do ditador Saddam Hussein, que não se envolveram na repressão à população local. A maioria dos oficiais do Baath na região de Basra seria de fora e pouco populares.
Ao mesmo tempo, o general aposentado americano Jay Garner, 64, indicado pelo presidente George W. Bush para formar o governo interino do Iraque pós-guerra, trabalha para definir novas instituições políticas para todo o país.
Os britânicos anunciaram que a montagem de um governo local ficará a cargo do comitê. Segundo Vernon, Garner está de acordo com essas medidas.

Vácuo
Desde a chegada das forças britânicas, que invadiram Basra no domingo à noite (manobra que, segundo militares britânicos, foi bem recebida pela população local), têm ocorrido ataques de civis contra líderes locais do partido Baath e diversos saques. Ontem, com as ruas cheias de carros e pedestres, um retrato de Saddam foi arrancado de uma das principais praças da cidade.
A agência de notícias Reuters informou que moradores descontentes afirmam estar em um vácuo político e reclamam da falta de água e de uma total desorganização no cumprimento da lei e da ordem.
"Estamos entre dois inimigos, Saddam e os britânicos", disse o estudante de medicina Osama Ijam, 24, em meio ao que sobrou do principal hospital de Basra. "É isso que eles chamam de libertação? Queremos nosso próprio governo, nossa própria segurança e nossa própria lei." O hospital foi saqueado, assim como muitos prédios públicos, lojas, escritórios e o hotel Sheraton.
Apesar de fontes militares britânicas afirmarem que trabalharão para impedir ataques desse tipo, eles não colocarão suas tropas em risco em eventuais conflitos entre a população local e membros do partido Baath.
Alguns residentes relataram que os saqueadores são de favelas da periferia, onde se localizavam os principais esconderijos da milícia fedayin, que combateu as forças britânicas nos primeiros 19 dias de guerra.
"Quando vejo minha faculdade saqueada e destruída diante de meus olhos, eu me pergunto por que os britânicos permitiram que isso acontecesse", disse Ijam.

Com agências internacionais


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