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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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PÓS-GUERRA

Mas o presidente americano foi evasivo ao explicar qual seria o papel da organização no Iraque

ONU será "vital", dizem Bush e Blair

Luke Frazza/France Presse
O presidente Bush (dir.) fala com o premiê Blair durante cúpula perto de Belfast (Irlanda do Norte)


FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, George W. Bush, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disseram ontem, na Irlanda do Norte, que as Nações Unidas terão um "papel vital" no Iraque pós-guerra.
Questionado sobre o que seria o "papel vital", Bush foi evasivo: "São vários aspectos. Pode ser na ajuda humanitária, ou pode ser ajudando a constituir um novo governo iraquiano", disse.
Em seguida, acrescentou: "O povo iraquiano vai decidir quem vai estar no governo interino. Será um governo de transição até que o Iraque tenha condições de eleger sua nova liderança".
O premiê Tony Blair foi mais assertivo ao dizer que as Nações Unidas devem ter um "papel vital na reconstrução" do Iraque.
Nesta semana, os Estados Unidos começaram a enviar ao Iraque grupos de exilados para ajudar a formar um novo governo.
A expectativa é que o iraquiano Ahmed Chalabi, há 45 anos fora do país, tenha papel importante na formação do governo de transição comandado pelo general reformado Jay Garner -subordinado, na prática, ao Departamento da Defesa americano.
Chalabi é dono de um banco baseado em Londres e tem ligações estreitas com militares americanos e com a cúpula do Partido Republicano, como com o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney.
A estratégia americana seria formar rapidamente um consenso em torno do grupo de Chalabi e depois abrir a possibilidade para a participação da ONU.
Blair vem enfatizando, em um tom acima do de Bush, a necessidade de as Nações Unidas terem um papel maior em todo o processo de reconstrução.
O premiê pediu, no entanto, que o mundo evitasse "infinitas disputas diplomáticas" na discussão de qual será a participação da ONU no Iraque pós-guerra.
Para entrar no Iraque, as Nações Unidas teriam de aprovar uma nova resolução no seu Conselho de Segurança autorizando a participação. Antes do início do conflito, França e Rússia se opuseram publicamente a uma resolução para atacar o país.
Ontem, Bush e Blair enfatizaram o avanço das forças de coalizão no Iraque e demonstraram otimismo em relação ao um fim rápido para o conflito.
Ambos disseram que o regime de Saddam Hussein está "perdendo poder rapidamente" e que os militares dos dois países começam a ser recebidos "favoravelmente" pelos iraquianos.
Bush voltou a citar atrocidades cometidas por Saddam e chegou a afirmar que o ditador iraquiano poderia ter morrido em um ataque aéreo a um de seus abrigos anteontem. "Não sei se ele sobreviveu", disse Bush.
O presidente norte-americano encontrou-se com Blair no castelo de Hillsborough, a alguns quilômetros de Belfast. A visita, o terceiro encontro em três semanas entre os dois, teve também um caráter de ajuda política ao primeiro-ministro britânico.
Na entrevista após o encontro, Bush e Blair enfatizaram a necessidade da retomada do processo de paz na Irlanda do Norte e no Oriente Médio -uma iniciativa tomada pelo premiê britânico pouco antes do início da guerra contra o Iraque.


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