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ÁFRICA
ONU pode julgar crimes de guerra
Rebeldes dificultam o envio de ajuda à Libéria
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Rebeldes liberianos condicionaram ontem a abertura do porto de
Monróvia à saída das forças do
presidente Charles Taylor da capital, ameaçando dificultar a chegada de ajuda humanitária.
O grupo Lurd (Liberianos Unidos por Reconciliação e Democracia) afirmou que haverá novos
combates se Taylor passar seu
cargo a seu vice-presidente, Moses Blah. Este é um antigo companheiro de Taylor, tendo feito treinamento na Líbia e participado
da guerrilha liderada pelo presidente, na primeira metade da última década, na Libéria.
As novas exigências do maior
grupo rebelde da Libéria, onde a
guerra civil já dura 14 anos quase
sem interrupção, poderão pôr em
risco o início do processo de paz,
que, segundo um dos chefes da
missão de paz da Ecowas (Comunidade Econômica dos Países do
Oeste Africano), deverá começar
logo após a partida de Taylor.
Ele prometeu entregar o cargo
amanhã e deixar a Libéria na segunda-feira, indo à Nigéria, que
lhe ofereceu asilo. Todavia não se
trata da primeira vez em que ele
promete abandonar o poder.
"O Lurd é apoiado pela Guiné.
Já o Model [Movimento por Democracia na Libéria] conta com o
apoio da Costa do Marfim. Ambos os países querem ver o fim da
era Taylor na Libéria porque ele
incitou movimentos rebeldes guineanos e marfinenses", explicou à
Folha Robert Rotberg, presidente
da Fundação para a Paz Mundial.
"A imagem de Blah é indissociável da de Taylor. Blah jamais se
mostrou contrário à truculência
do presidente. É por isso que os
rebeldes não querem aceitar que
ele assuma a Presidência", acrescentou o especialista em África.
A força da Ecowas conta com
450 soldados. Os EUA enviaram
uma pequena "equipe de ligação"
a Monróvia, mas têm mais 2.300
militares em navios que estão ancorados na costa liberiana.
O alto comissário interino de
Direitos Humanos da ONU, Bertrand Ramcharan, disse que o governo e os rebeldes liberianos não
fugirão à sua responsabilidade
por "graves violações aos direitos
humanos", o que foi visto como
um sinal de que a ONU quer julgá-los. Taylor já foi indiciado por
uma corte, apoiada pela ONU,
que julga crimes em Serra Leoa.
Desde junho, os combates mataram cerca de 2.000 pessoas. A
Libéria foi fundada, no século 19,
por escravos americanos libertos.
Com agências internacionais
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