São Paulo, segunda-feira, 09 de agosto de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VENEZUELA

Manifestantes pedem permanência do presidente no cargo no plebiscito do dia 15; oposição organiza show

Ato pró-Chávez reúne centenas de milhares

DA REDAÇÃO

A uma semana da realização do plebiscito sobre a retirada ou não de Hugo Chávez do poder, Caracas assistiu ontem a uma manifestação que reuniu centenas de milhares de pessoas em apoio ao presidente, que prometeu um "ataque final" para conseguir a vitória na votação.
Já os opositores organizaram um show de rock cuja expectativa era de reunir milhares de pessoas -o evento começaria após o encerramento desta edição.
Um dos chefe do Corpo de Bombeiros de Caracas, ligado à oposição, calculou em mais de 100 mil os participantes na marcha a favor de Chávez. Para chavistas, havia 900 mil. A agência de notícias Associated Press fala em centenas de milhares.
"Vamos partir hoje para um ataque final, a uma ofensiva popular em todas as direções, com muita inteligência e sem perder a calma", disse Chávez a seus seguidores na avenida Bolívar, que serviu de ponto de concentração para a marcha de ontem.
Vestindo uma camiseta vermelha, que identifica o seu governo, Chávez pediu a seus simpatizantes que não caiam no "triunfalismo" e que estejam alertas a possíveis "sabotagens" da oposição para evitar a sua vitória.
"Nós vamos ganhar, mas ainda não ganhamos. Faltam vários dias. Não podemos cometer nenhum erro. Precisamos ficar alertas dia e noite porque vocês sabem que o diabo [como o presidente chama a oposição] tem um dono lá no norte [referência ao presidente George W. Bush, acusado por ele de ajudar a oposição e de fomentar o golpe de 2002]."
Segundo o presidente, votar pelo não no plebiscito se traduz na defesa da "soberania e na luta revolucionária dos latino-americanos e caribenhos contra o imperialismo americano".

Topless
Batizada pelo governo de "Marcha pela Vitória", a chamada "maré vermelha" de simpatizantes de Chávez percorreu vários quilômetros em um ambiente festivo, com bandeiras, apitos e entoando gritos a favor do presidente. Um grupo de mulheres desfilou de topless, com a palavra "Não" (à saída de Chávez) desenhada em seus peitos. A manifestação foi a última antes da realização do referendo sobre a retirada ou não de Chávez da Presidência.
A oposição precisa obter 3,8 milhões de votos, superar a oposição na contagem geral, além de necessitar que o comparecimento dos eleitores seja de no mínimo 25%. Os dois lados têm divulgado pesquisas indicando vitória no plebiscito, mas sondagens feitas por grupos estrangeiros apontam favoritismo para Chávez.
O dirigente da coalizão opositora Coordenação Democrática (CD) Enrique Mendoza afirmou ontem que a oposição vencerá por "ampla maioria". "Os governistas disseram que não tínhamos conseguido as assinaturas necessárias [para que fosse convocado o referendo], que não poderíamos vencer na validação das assinaturas. Mas em cada etapa ficou demonstrado que eles [os chavistas] mentiram", afirmou.

Vitória contundente
Samuel Moncada, porta-voz da campanha a favor da permanência do presidente, disse que o objetivo do governo "é obter duas ou três vezes mais votos do que a oposição e ganhar de maneira contundente para que não haja dúvidas para a oposição.
Caso o "sim" vença o plebiscito, uma nova eleição presidencial será convocada em 30 dias e Chávez poderá concorrer. Caso o "não" tenha mais votos, o presidente permanece no cargo até dezembro de 2006.
No show da oposição, três palcos reuniriam artistas e bandas de rock ao longo da avenida Francisco Miranda em uma área residencial de Caracas, considerada o bastião dos anti-chavistas na capital venezuelana. O evento foi denominado "Artistas Unidos pelo Futuro". Até o encerramento desta edição, não foram registrados atos de violência em nenhuma das duas manifestações.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Guerra sem limites: Para governo Bush, EUA minaram planos da Al Qaeda
Próximo Texto: Argentina: Jovens engravidam por "algo próprio"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.