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O SEGUNDO DIA
Taleban diz que civis morreram no primeiro ataque; dados sobre danos são imprecisos
Pedindo "paciência", EUA fazem bombardeio menor
DA REDAÇÃO
Admitindo não ter desestruturado totalmente o Taleban por
meio de ataques aéreos, os Estados Unidos lançaram ontem a segunda onda de bombardeio a alvos no Afeganistão. Com efeito,
os ataques de ontem foram em
menor escala e sem a participação
dos britânicos.
"É muito improvável que os ataques aéreos desmantelem o Taleban. Temos de ter um entendimento claro do que é possível fazer. Temos de ser pacientes", afirmou o secretário de Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld.
A ação, que recomeçou ontem
às 20h30 (11h30 em Brasília), se
concentrou nas mesmas áreas
atingidas anteontem. Foram reportadas ações em Cabul, Candahar, Cundur e Mazar-e-Sharif.
Foram utilizados no ataque 5
bombardeiros, 10 caças-bombardeiros baseados em porta-aviões
e 15 mísseis de cruzeiro Tomahawk. No primeiro dia, foram 15,
25 e 50, respectivamente.
De todo modo, Rumsfeld fez
questão de qualificar como ""bem-sucedidos" os primeiro ataques,
no domingo, e reafirmaram que
eles visaram bases do Taleban e
do estopim da guerra -o milionário saudita Osama bin Laden,
apontado como responsável pelos
ataques terroristas de setembro
nos EUA. Alvos civis foram evitados, afirmou ele.
O mesmo diagnóstico foi dado
pelo premiê britânico, Tony Blair.
O secretário da Defesa do Reino
Unido, Geoff Hoon, previu a continuidade dos ataques.
Foram listados pelo chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA,
general da Força Aérea Richard
Myers, 31 alvos da organização de
Osama bin Laden, a Al Qaeda, e
do governo do Taleban. Rumsfeld
havia falado ""entre 24 e 36 alvos".
Os fundamentalistas que dominam o Afeganistão, por sua vez,
não falaram sobre os danos, mas
contaram 20 vítimas civis. O mulá
Abdul Salam Zaeef, embaixador
do Taleban no Paquistão, afirmou
que os alvos militares de sua milícia seguiram intactos.
A confusão seguiu durante o
dia, quando um porta-voz do Taleban falou em oito vítimas.
"Decidimos resistir às ofensivas", disse Zaeef. As bases da milícia foram reforçadas, inclusive
para proteger Bin Laden, disse ele.
O Tadjiquistão, país vizinho ao
norte do Afeganistão, afirmou
ontem que está pronto para abrir
suas bases aéreas aos EUA.
"A República do Tadjiquistão
declarou sua prontidão para abrir
seu espaço aéreo à Força Aérea
dos EUA e, se for necessário, seus
aeroportos para tomar medidas
contra o terrorismo", afirmou o
governo em nota.
A decisão é importante do ponto de vista regional. Além de abrir
uma frente de ataque ao norte para os aliados ocidentais, a medida
vai colocar em xeque a disposição
da Rússia de colaborar com seus
antigos inimigos. Há 25 mil solados russos em solo tadjique.
Enquanto isso, órgãos de segurança da Rússia, Tadjiquistão e
outras quatro antigas repúblicas
soviéticas começaram a estudar
medidas para o previsível fluxo de
refugiados afegãos.
Rumsfeld reafirmou que os
bombardeios continuarão por
tempo indefinido, mas negou
uma ação conjunta com a Aliança
do Norte, que faz oposição ao Taleban e domina uma porção ao
norte do país.
Analistas vêm especulando sobre a possibilidade de os EUA
"abrirem caminho" para a Aliança do Norte, que, teria recebido
nas últimas semanas tanques russos para atacar Cabul, segundo informações extra-oficiais.
Os bombardeiros B-2, que usam
tecnologia furtiva, decolaram no
sábado de Missouri (EUA) e voaram sem escala até o Afeganistão
para o bombardeio de anteontem.
Depois voaram até a base aliada
na ilha de Diego Garcia, no oceano Índico, para serem reabastecidos antes da ofensiva de ontem.
O secretário de Defesa ressaltou
que os mísseis de cruzeiro não resolverão "com um único tiro" a
guerra militar, econômica e política dos EUA contra o terrorismo.
Com agências internacionais
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