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REAÇÃO
Washington diz que pode "descobrir" a necessidade de ampliar a ação para "autodefesa"
EUA avisam à ONU que podem atacar outros países
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
Ao promoverem ontem o segundo dia de bombardeios no
Afeganistão, os EUA comunicaram à ONU (Organização das Nações Unidas) que poderão ampliar sua guerra contra o terrorismo a outros países e contra outros
grupos além da rede Al Qaeda, do
saudita Osama Bin Laden, principal suspeito de promover os atentados em Nova York e contra o
Pentágono no mês passado.
"Podemos descobrir que nossa
autodefesa requer mais ações em
relação a outras organizações e
outros Estados", informaram os
EUA em carta enviada ao Conselho de Segurança da ONU.
A Casa Branca informou à ONU
que sua ofensiva iniciada no domingo é um ato de autodefesa e,
como tal, estaria automaticamente legitimada por normas da ONU
sem que seja necessária uma autorização de seu Conselho de Segurança.
O porta-voz da Casa Branca, Ari
Fleischer, disse que a decisão de
ampliar a guerra contra o terrorismo a outros países não está tomada e dependerá do andamento
das investigações sobre a autoria
dos atentados.
No entanto ele confirmou essa
possibilidade: "Nossa nação foi
atacada e podemos tomar as medidas necessárias para defender
nosso povo. Isso está na lei internacional; é a justiça".
O Conselho de Segurança expressou, por meio de seu presidente rotativo, o embaixador irlandês Richard Ryan, apoio aos
ataques americanos.
Segundo diplomatas, porém,
houve diferença de tom: Rússia e
França deram forte aval, enquanto a China fez ressalvas.
Não houve comentários do conselho sobre o comunicado dos
EUA, divulgado num momento
em que a Casa Branca é pressionada pelo Congresso e por militares do Pentágono a ampliar seus
ataques. Além disso, é impulsionada para a guerra por pesquisas
de opinião mostrando o apoio de
nove em cada dez americanos aos
ataques contra o Afeganistão.
No entanto não há consenso sobre o assunto dentro do gabinete
do presidente George W. Bush e
teme-se que a ampla coalizão formada pelos EUA nas últimas semanas seja desfeita caso a Casa
Branca decida atacar o Iraque, o
Irã ou a Síria - países mencionados recentemente por autoridades militares norte-americanas
como possíveis alvos por apoiarem o terrorismo.
O Reino Unido, que participou
com os EUA do primeiro dia de
ataque, também enviou carta à
ONU dando conta de suas operações militares no Afeganistão.
Mas o ministro britânico das Relações Exteriores, Jack Straw, disse a jornalistas que o acordo era
centralizar os ataques no Afeganistão. "Ali é onde se encontra o
problema e é nessa ação militar
que estamos envolvidos", afirmou Straw.
Pesquisas
Nos EUA, três pesquisas de opinião distintas mostram 90% de
apoio da população aos ataques
iniciados no domingo. No entanto, segundo a sondagem da rede
de TV ABC e do diário "The Washington Post", 55% acreditam
que a ofensiva provocará mais
atentados terroristas nos EUA.
Essa mesma pesquisa revela que
sete em cada dez entrevistados
defendem uma guerra ampliada
contra o terrorismo para alvos
não relacionados diretamente
com os atentados do último dia
11. Pesquisa da rede NBC e do
"The Wall Street Journal" mostra
que 66% apoiariam um ataque
militar contra o Iraque e o ditador
Saddam Hussein.
A assessora para segurança nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, informou ontem que
o presidente Bush decidiu na sexta-feira o ataque ao Afeganistão.
Segundo ela, a decisão teria sido
"solitária" e Bush a teria comunicado ao seu gabinete de segurança
no sábado.
Por meio de seu porta-voz,
Bush informou que os EUA não
entraram em guerra contra Bin
Laden, mas contra o terrorismo.
No entanto, o presidente teria entendido as declarações em vídeo
do terrorista saudita, divulgadas
no domingo por TVs ao redor do
mundo, como uma confissão inequívoca de sua autoria nos atentados aos EUA.
Chefe antiterror
Bush empossou ontem o ex-governador da Pensilvânia Tom
Ridge, 56, no cargo de chefe da recém-criada Secretaria de Segurança Interna, órgão que centralizará as ações contra o terrorismo
dentro dos EUA.
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