|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AFEGANISTÃO
Grupo manda população ficar em casa no escuro; ONU suspende envio de alimentos
Taleban diz que morreram de 6 a 25 na primeira noite
DA REDAÇÃO
Nos ataques de domingo à noite
morreram entre 6 e 25 pessoas,
afirmou ontem o Taleban, grupo
extremista que controla quase todo o Afeganistão. Entre elas há
"mulheres, crianças e idosos".
Em uma entrevista em Islamabad (Paquistão), o embaixador do
Taleban, mulá Abdul Salem
Zaeef, declarou que, em Cabul,
dez pessoas morreram na região
do aeroporto e mais dez em torno
do escritório da emissora estatal
Rádio Shariat. Mais cinco integrantes do Taleban teriam morrido em ataque contra a base militar de Shindand, na Província de
Farah (oeste do país).
Mais tarde, um alto funcionário
do Ministério da Saúde do Taleban informou que entre 6 e 8 pessoas foram mortas nos ataques,
reduzindo o número de vítimas
fatais divulgado anteriormente.
"É difícil calcular o número de
vítimas. Mas talvez não haja mais
do que 6, 7 ou 8 mortos", afirmou
Mohammad Abbas ao canal de
TV do Qatar Al Jazeera.
Indagado sobre Osama bin Laden, apontado como o principal
suspeito de ter comandado os ataques de 11 de setembro, o embaixador do Taleban no Paquistão
afirmou que ele "está vivo e no interior do Afeganistão", apesar de
enfatizar que o Taleban "não
mantém contatos com Osama".
A reação oficial do Taleban foi
declarar os bombardeios como
"um ataque terrorista contra o
mundo muçulmano em seu conjunto". "Há muito tempo os Estados Unidos, sob diversos pretextos, atacam o povo muçulmano
no mundo", declarou Zaeef.
"Se os norte-americanos pensam irracionalmente que podem
tirar proveito desses ataques, penso que se equivocaram. Não sairão disso com êxito."
Vítimas
O vendedor de sorvetes Muhammed Zaher, 16, foi uma das
primeiras vítimas dos ataques
contra o Afeganistão. Ele perdeu
uma perna ao ser atingido em ataque de míssil ao aeroporto de Jalalabad, perto de sua casa.
"Desejo que o meu Deus destrua as casas, os vilarejos e as cidades deles", declarou, após atravessar a fronteira com o Paquistão
para receber tratamento médico.
Ele estava em casa no momento
do ataque. "Houve um barulho
muito alto e, quando abri os
olhos, estava no hospital. Perdi
minha perna e dois dedos."
O Taleban mandou ontem que
os afegãos permaneçam em casa à
noite, com as luzes apagadas. Em
seguida, começou a segunda onda
de ataques dos Estados Unidos,
praticamente 24 horas depois do
começo da primeira. A energia
elétrica foi cortada pouco depois.
Candahar e outras cidades afegãs
permaneceram sem luz pelo segundo dia consecutivo.
Carregamentos de alimentos foram interrompidos temporariamente ontem. Funcionários das
organizações disseram que poderia levar várias semanas até que se
saiba se os ataques iniciaram um
grande êxodo de refugiados afegãos.
O Programa de Alimentação
das Nações Unidas declarou ontem ter suspendido o envio de
carregamentos para ter tempo para avaliar a situação.
O Alto Comissariado para Refugiados da ONU pediu a ajuda do
governo paquistanês para montar
mais campos para refugiados,
apesar de o presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, ter declarado ontem que seu país não irá
abrir suas portas para abrigar
mais refugiados da guerra.
Musharraf declarou que o Paquistão permitirá apenas que pessoas feridas, mulheres, crianças e
idosos atravessem a fronteira.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Organizações humanitárias criticam "pão e bombas" Próximo Texto: Moradores de Cabul relatam noite de terror Índice
|