São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2001

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Musharraf reestrutura cúpula militar

ÁNGELES ESPINOSA
DO "EL PAÍS", EM ISLAMABAD

O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, reestruturou a sua cúpula militar, buscando demonstrar que ainda mantém o controle do país. Foram afastados três generais considerados responsáveis pela política de aproximação do governo com o Taleban, regime extremista islâmico que controla o Afeganistão.
Desde os atentados contra os EUA no dia 11 de setembro, Musharraf tenta alterar a posição do país, distanciando-se do Taleban. Porém, por enquanto, o país continua sendo o único a reconhecer o regime afegão.
No discurso em que anunciou as mudanças, Musharraf também fez um apelo para que a comunidade internacional preste mais atenção aos problemas da Caxemira (região separatista de maioria islâmica na Índia) e dos palestinos, numa tentativa de agradar à população islâmica paquistanesa.
Os generais afastados ocupavam os cargos de vice-comandante das Forças Armadas, presidente do comitê da Junta do Estado-Maior e chefe da agência de informações. O general Mahmood Ahmed, que comandava a agência de informações, era tido como a principal liderança do serviço secreto, além de ser um dos principais defensores do Taleban.
Seu afastamento, de acordo com o presidente, deveu-se ao fracasso na missão que lhe foi incumbida, a de convencer o Taleban a entregar Osama bin Laden.
"A atitude do presidente demonstra um forte comprometimento com os EUA", disse o jornalista paquistanês Ahmed Rashid. "Agora os serviços secretos irão cooperar por completo com a CIA na busca por Bin Laden."
Nos últimos dias, especulava-se em Islamabad que os Estados Unidos estariam convencidos de que os paquistaneses não forneciam todas as informações necessárias. Outras pessoas asseguram que as mudanças farão com que o Exército se torne mais duro com partidos extremistas islâmicos que tentem minar o governo.
Musharraf, após conversa ontem com o premiê da Índia -tradicional inimiga do Paquistão-, Atal Bihari Vajpayee, afirmou que o seu país cooperará conjuntamente com os indianos no combate ao terrorismo.



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