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ORIENTE MÉDIO
Grupo extremista Hamas promove em Gaza ato de repúdio a ataque ao Afeganistão
Polícia palestina mata 2 durante manifestação
SANDRA AISEN
FREE-LANCE PARA FOLHA
Conflitos entre militantes do
grupo Hamas e a polícia palestina
deixaram dois mortos e cerca de
65 feridos ontem em Gaza.
Os ativistas saíram em manifestação de dentro da Universidade
Islâmica na faixa de Gaza em
apoio a Osama Bin Laden. O objetivo era também se posicionar
contra o ataque americano ao
Afeganistão.
A passeata com milhares de
participantes aconteceu mesmo
contra ordens diretas do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, que
se reunia com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no Cairo.
A polícia palestina tentou de todas as maneiras dispersar os manifestantes com balas de borracha
e bombas de gás lacrimogênio.
Entretanto o grupo não ficou satisfeito com a demonstração de
força e saiu em combate.
Entre outras coisas, os ativistas
queimaram carros da polícia e
apedrejaram uma delegacia. Em
razão disso, por ordens diretas do
chefe da polícia, os policiais passaram a usar munição comum
contra os manifestantes.
Testemunhas disseram que a
polícia é responsável pelas vítimas, mas, em resposta, os policiais apontaram como suspeitos
das mortes ativistas do Hamas armados e mascarados.
Demonstrações ocorreram em
outros lugares na faixa de Gaza.
Em Khan Younis, pelo menos
cinco pessoas ficaram feridas. Foram realizados também ataques
contra a companhia aérea palestina.
O ministro da Informação palestino, Iasser Abed Rabbo, disse
que "é verdade que aqui há opressão, terrorismo e morte de palestinos todos os dias, mas isso não
justifica ou dá cobertura para que
alguém mate ou aterrorize civis
em Washington, Nova York ou
qualquer outro lugar".
A Autoridade Nacional Palestina já havia condenado os ataques
ao principal aliado de Israel, os
Estados Unidos, e disse que protestos contra os americanos não
refletem o sentimento da população.
Em entrevista à televisão egípcia, Arafat não quis se referir a
Osama bin Laden nem comentar
o ataque contra o Afeganistão.
Arafat não quer parecer estar
dando apoio aos EUA, pois tem
problemas suficientes dentro de
casa.
Nem a polícia palestina nem dirigentes do Hamas quiseram comentar a manifestação na faixa de
Gaza.
Se for constatado que a polícia
palestina é a culpada das mortes
de ontem, será a primeira vez que
as forças de segurança atingiram
palestinos durante o ultimo ano
de revolta contra a ocupação israelense.
O ministro da Defesa israelense,
Binyamin Ben-Eliezer, disse que
os protestos em Gaza serão como
um teste para Arafat, para testar
qual é sua habilidade em controlar os militantes muçulmanos.
Uma nota do escritório do primeiro-ministro Ariel Sharon afirmou que os acontecimentos em
Gaza não dizem respeito a Israel.
É possível que parte do problema seja também a onda de prisões
que a polícia palestina está realizando. Segundo informações, a
polícia teria prendido no domingo à noite, em Toubas, perto de
Jenin, dois militantes da Jihad Islâmica e um do Hamas .
Há cinco anos, quando Arafat
começou com a onda de prisões
pelos acordos entre Israel e a
ANP, o governo israelense esperou pelo que ia acontecer. Parece
que agora a situação é a mesma.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Shimon Peres, se
reuniu com os negociadores palestinos Saeb Erakat e Ahmad Qorei no domingo para consolidar o
cessar-fogo. Entretanto Peres ainda não está disposto a se encontrar novamente com Arafat caso o
líder da Autoridade Nacional Palestina não coloque mais ênfase
na prisão de extremistas.
Segundo agências internacionais, Arafat disse que qualquer
palestino que violar as decisões de
cessar-fogo será detido.
Tranquilidade
Apesar da aparente tensão, os
israelenses estão tranquilos. Ontem, véspera do feriado de Simcha Tora, as ruas em Jerusalém estavam cheias. Dezenas de pessoas
foram levar suas máscaras de gás
para serem trocadas, diante de
um possível ataque a Israel, contudo.
Ben-Eliezer disse que não havia
nenhum perigo iminente para os
israelenses.
"A população pode dormir
tranquila", afirmou o ministro.
"Se houver ataque contra o Iraque, os americanos vão nos avisar
com antecedência."
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