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Acusado nega ligação com Hizbollah
MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O comerciante libanês Assad
Ahmad Mohamad Barakat, 34,
negou, em entrevista à Folha, que
seja dirigente do Hizbollah (Partido de Deus) na região da tríplice
fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) e afirma se vítima de uma
"perseguição gratuita" da polícia
paraguaia.
O governo do Paraguai tem tentado cercar atividades suspeitas
de ligações com terrorismo. O
Banco Central do país está fazendo um rastreamento de contas
bancárias. Já foram identificadas
48 contas suspeitas, de onde foram feitas remessas para o exterior avaliadas em US$ 46 milhões.
Barakat foi apontado como "dirigente do Hizbollah na região"
em relatórios da Polícia Federal
enviados ao Paraguai entre o fim
de 1999 e o início de 2000.
Nos relatórios que a Folha obteve, o xiita Barakat e outros dois libaneses- Ali Kalil Merhi e Youssef Salim Merhi- são apontados
com os principais quadros do
Hizbollah, hoje um partido legal
no Líbano, na tríplice fronteira.
Sua loja em Ciudad del Este foi
fechada pela Polícia Nacional do
Paraguai no último dia 3 e dois de
seus empregados foram presos.
A Divisão de Comunicação Social da PF informou que não se
pronuncia sobre as investigações
a respeito de terrorismo.
A seguir, os principais trechos
da entrevista à Folha:
Folha - O sr. é apontado como dirigente do Hizbollah em relatório
da PF ao governo paraguaio. O sr.
foi intimado alguma vez?
Barakat - Não sou ligado ao Hizbollah. Estou na região desde
1985, e em 1987 mudei para Foz
do Iguaçu. Sou casado com uma
brasileira, tenho três filhos brasileiros. A PF sabe onde me encontrar e nunca me procurou.
Folha - No relatório enviado ao
Paraguai há a informação que o
seu processo de naturalização foi
arquivado pelo fato de o sr. não ler
em português. Isso é correto?
Barakat - Escrevo, leio e falo português. Acho que houve má vontade no meu processo de naturalização. Tenho visto permanente,
moro em Foz e vou tentar me naturalizar. Tenho um irmão que é
religioso (o irmão é xeque xiita e
morou no Brasil), que escreveu
dois livros em português. Acredito que toda essa perseguição resulta disso, preconceito religioso
contra os muçulmanos no Paraguai.
Folha - Mas é um relatório da polícia brasileira que aponta sua ligação com o Hizbollah.
Barakat - A PF disse que não enviou isso (relatório) para o Paraguai. O problema é que no Paraguai te prendem primeiro para
depois investigar. No Brasil vale a
democracia, lá não.
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