São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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Para analistas, perfil do criminoso é incomum

DA REUTERS

Ele deve estar na casa dos 20 ou 30 anos, pode ter convivido com armas na infância ou aprendido a atirar no serviço militar. Seus atos indicam que ele é organizado, metódico, meticuloso, calmo e extremamente difícil de capturar.
O "atirador de Washington" não se enquadra no perfil dos "serial killers", ou assassinos em série, dizem especialistas.
"Este não é um assassino comum", afirma Harvey Kushner, especialista em "crimes de ódio" e homicídios em série. "Temos aqui um assassino interessado simplesmente em matar. A impressão é a de que esse sujeito está mirando contra a humanidade."
Kushner e outros especialistas presumem que o atirador seja homem devido à alta potência da arma que, segundo análises forenses, foi usada nos crimes.
As vítimas são de raças, idades e sexos diferentes. Esse caráter aparentemente aleatório é um dos fatores que diferenciam esses ataques de outros, diz Kushner.
Diferentemente de assassinos em série ou em massa, que podem nutrir ressentimentos contra um colega, um chefe ou um parente, esse atirador parece estar alvejando pessoas que não têm conexão com ele ou entre si. Ele parece sentir confiança em sua capacidade de fugir sem ser detectado.
"Imagino que seja um homem no final da casa dos 20 anos ou início da dos 30. Acho que ele teve algum treinamento militar, ou conviveu com armas a vida toda", diz Kushner. "Acho que ele não corre. Faz tudo de forma metódica, devagar. Não se aproxima das vítimas e deve se afastar sorrateiramente, como uma serpente."
Segundo Kushner, é possível que o atirador esteja sentindo prazer com a atenção que está recebendo. "Temos cobertura dos acontecimentos pela TV 24 horas por dia, sete dias por semana. É possível que ele simplesmente fique sentado, admirando seu trabalho. Não será fácil capturá-lo."
Na verdade, disse Charles Bahn, da Faculdade John Jay de Justiça Penal, em Nova York, a mira precisa do atirador pode facilitar o trabalho dos investigadores. "Não existem muitas pessoas nos EUA com esse tipo de experiência", diz.
Bahn esboçou dois perfis para o atirador, com base nos relatos da mídia. "Ele pode ser um doente mental que sofre ilusões de grandeza e cujos ataques seguem um padrão que só ele consegue detectar", afirma. Ou pode ser um "terrorista irresponsável".
O psiquiatra forense Michael Welner, do Centro Médico da Universidade de Nova York, descreveu o atirador como sendo "branco, homem, solteiro, de 20 a 30 anos, alguém que passou a vida toda fascinado por caça e armas".
Welner disse que o atirador não é psicótico e que se destaca por seu comportamento altamente organizado. "A maioria dos homicídios múltiplos envolve pessoas que não planejam formas de escapar ou não tentam deixar a cena do crime", afirma. "Esse é incomum: continuou a matar após ter satisfeito sua possível fantasia de sair à rua e cometer um crime."


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