|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
IRAQUE OCUPADO
Anúncio foi feito antes para a imprensa
Casa Branca ignorou Rumsfeld ao mudar administração iraquiana
DA REDAÇÃO
O secretário da Defesa dos
EUA, Donald Rumsfeld, afirmou
que nem o presidente George W.
Bush nem sua assessora de segurança nacional, Condoleezza Rice, o avisaram sobre a decisão de
mudar a estrutura administrativa
no Iraque e criar um novo grupo
para coordená-la.
Indagado, em entrevista publicada ontem pelo jornal britânico
"Financial Times", se Rice não o
informara das mudanças antes de
anunciar a notícia ao jornal "The
New York Times", Rumsfeld respondeu: "É verdade". Questionado se conversara com Bush de antemão, o secretário disse que não.
Em um memorando emitido
por Rice na última quinta-feira,
cujo teor foi anunciado publicamente quatro dias depois, a Casa
Branca criou o Grupo de Estabilização do Iraque. Sob a batuta da
assessora, a nova autoridade tem
como função dar apoio ao administrador civil do país, o diplomata americano Paul Bremer. Mas
deve, na prática, centralizar decisões políticas e econômicas.
Assim, a Casa Branca aumenta
sua participação direta na problemática reconstrução iraquiana,
embora negue que o papel do
Pentágono tenha sido reduzido.
Rumsfeld tentou minimizar a
importância do novo grupo.
"O que eu entendi do memorando é que o Conselho de Segurança Nacional continua a ter a
mesma responsabilidade que
sempre teve", declarou. "A única
coisa anormal a respeito disso tudo é a atenção pública... O presidente não fez nenhum anúncio.
Condi Rice, aparentemente, falou
com o "New York Times", foi só o
que houve."
Na segunda-feira, a Casa Branca
anunciou a criação do grupo, e
Bush declarou que Rice asseguraria "que os esforços fossem coordenados" no Iraque.
A decisão foi tomada num momento em que os EUA têm dificuldade em obter apoio externo
para custear a reconstrução e para
reduzir seu contingente militar no
país, que só no pós-guerra registrou 185 baixas.
O custo humano e financeiro do
processo também alimenta críticas dentro e fora do governo e já
afeta a popularidade de Bush.
O porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan, negou a existência de divergências entre Bush e
Rumsfeld, um dos homens mais
fortes do governo, e disse que as
declarações do secretário estavam
"em linha" com a Casa Branca.
Mas ele voltou atrás após afirmar
que Rumsfeld fora consultado sobre o GEI. "Talvez eu não devesse
ter dito as coisas dessa forma."
Tropas turcas
Em Bagdá, o Conselho de Governo Iraquiano mostrou-se mais
flexível ontem em relação ao envio de até 10 mil soldados turcos
ao país. O Parlamento turco aprovou a medida anteontem, atendendo a pedido dos EUA. O norte
do Iraque, na fronteira com a Turquia, é palco de um conflito entre
turcos e curdos que já deixou 37
mil mortos em 15 anos.
"Não podemos nos enganar. Sabemos muito bem o Iraque está
ocupado e que a Autoridade Provisória da Coalizão é nossa parceira", disse Mowaffaq al Rubaie, um
dos 24 membros do conselho.
"Vamos achar um meio-termo,
para proteger os nossos interesses
e os de nossos parceiros."
Bagdá também foi palco do
quarto dia seguido de protestos
anti-EUA. Cerca de 6.000 xiitas fizeram uma passeata até a sede da
administração americana pedindo a liberação de um imã detido
na véspera. Durante horas, a multidão entoou frases antiamericanas e arremessou pedras. Não há
registro de feridos.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Afeganistão: Choques entre grupos rivais matam até 60 Próximo Texto: Oriente Médio: Comissão no Congresso dos EUA aprova sanções contra a Síria Índice
|