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São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Anúncio foi feito antes para a imprensa

Casa Branca ignorou Rumsfeld ao mudar administração iraquiana

DA REDAÇÃO

O secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, afirmou que nem o presidente George W. Bush nem sua assessora de segurança nacional, Condoleezza Rice, o avisaram sobre a decisão de mudar a estrutura administrativa no Iraque e criar um novo grupo para coordená-la.
Indagado, em entrevista publicada ontem pelo jornal britânico "Financial Times", se Rice não o informara das mudanças antes de anunciar a notícia ao jornal "The New York Times", Rumsfeld respondeu: "É verdade". Questionado se conversara com Bush de antemão, o secretário disse que não.
Em um memorando emitido por Rice na última quinta-feira, cujo teor foi anunciado publicamente quatro dias depois, a Casa Branca criou o Grupo de Estabilização do Iraque. Sob a batuta da assessora, a nova autoridade tem como função dar apoio ao administrador civil do país, o diplomata americano Paul Bremer. Mas deve, na prática, centralizar decisões políticas e econômicas.
Assim, a Casa Branca aumenta sua participação direta na problemática reconstrução iraquiana, embora negue que o papel do Pentágono tenha sido reduzido.
Rumsfeld tentou minimizar a importância do novo grupo.
"O que eu entendi do memorando é que o Conselho de Segurança Nacional continua a ter a mesma responsabilidade que sempre teve", declarou. "A única coisa anormal a respeito disso tudo é a atenção pública... O presidente não fez nenhum anúncio. Condi Rice, aparentemente, falou com o "New York Times", foi só o que houve."
Na segunda-feira, a Casa Branca anunciou a criação do grupo, e Bush declarou que Rice asseguraria "que os esforços fossem coordenados" no Iraque.
A decisão foi tomada num momento em que os EUA têm dificuldade em obter apoio externo para custear a reconstrução e para reduzir seu contingente militar no país, que só no pós-guerra registrou 185 baixas.
O custo humano e financeiro do processo também alimenta críticas dentro e fora do governo e já afeta a popularidade de Bush.
O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, negou a existência de divergências entre Bush e Rumsfeld, um dos homens mais fortes do governo, e disse que as declarações do secretário estavam "em linha" com a Casa Branca. Mas ele voltou atrás após afirmar que Rumsfeld fora consultado sobre o GEI. "Talvez eu não devesse ter dito as coisas dessa forma."

Tropas turcas
Em Bagdá, o Conselho de Governo Iraquiano mostrou-se mais flexível ontem em relação ao envio de até 10 mil soldados turcos ao país. O Parlamento turco aprovou a medida anteontem, atendendo a pedido dos EUA. O norte do Iraque, na fronteira com a Turquia, é palco de um conflito entre turcos e curdos que já deixou 37 mil mortos em 15 anos.
"Não podemos nos enganar. Sabemos muito bem o Iraque está ocupado e que a Autoridade Provisória da Coalizão é nossa parceira", disse Mowaffaq al Rubaie, um dos 24 membros do conselho. "Vamos achar um meio-termo, para proteger os nossos interesses e os de nossos parceiros."
Bagdá também foi palco do quarto dia seguido de protestos anti-EUA. Cerca de 6.000 xiitas fizeram uma passeata até a sede da administração americana pedindo a liberação de um imã detido na véspera. Durante horas, a multidão entoou frases antiamericanas e arremessou pedras. Não há registro de feridos.


Com agências internacionais

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