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XENOFOBIA
Preconceito
transforma o
brasileiro em
'macaquito'
CLÓVIS ROSSI
do Conselho Editorial
A charge do jornal "Ámbito
Financiero", reproduzida ao
lado, parece uma forte indicação de que os argentinos, em
geral, são preconceituosos em
relação aos brasileiros -ou
"macaquitos", como eram
chamados antigamente.
É apenas meia verdade. Como em todos os países, há, na
Argentina, um preconceito
mais ou menos velado em relação a quem é diferente. Como
os negros são pouquíssimos no
país, a presença de um deles
chama a atenção e expõe mais a
restrição ao "diferente".
Mas, no fundo, a charge do
jornal revela outro tipo de fenômeno, embora ligado ao preconceito. O Brasil dos "macaquitos", afinal, cresceu muitíssimo, a partir da Segunda Guerra
Mundial (1939/1945), ao passo
que a Argentina entrou em processo de estagnação.
Resultado: a Argentina, branca e européia, perdeu importância, na região e no mundo, em
favor de um Brasil muito mais
miscigenado, um fenômeno que
parte da cultura branca tem dificuldade em absorver.
Anti-semitismo
Muito mais inquietante do que
esse complexo de superioridade
virado do avesso pelos fatos é a
persistência de outro tipo difuso
de preconceito, o anti-semitismo. Talvez seja uma herança das
simpatias do general Juan Domingo Perón pelo fascismo do
ditador italiano Benito Mussolini.
Se o preconceito de cor machuca acima de tudo o amor
próprio da vítima, o anti-semitismo tem consequências bem
mais sérias: durante a mais recente ditadura militar
(1976/1983), os judeus que foram presos sofreram torturas e
violências ainda mais abomináveis do que as já duras provações
a que foram submetidas as demais vítimas.
Não deve ser por mero acaso
que duas entidades da comunidade judaica argentina foram alvo de atentados mesmo depois
de restaurada a democracia.
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