São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2001

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COLÔMBIA

Grupo só aceita trocá-lo por guerrilheiro preso

Menino com câncer terminal pede que Farc solte o pai, refém há 2 anos

JAN MCGIRC
DO "THE INDEPENDENT"

Andrés Felipe Perez, um colombiano de 12 anos que tem somente mais algumas semanas de vida devido a um câncer, está implorando para ver seu pai no Natal.
Entretanto a guerrilha marxista Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) se nega a libertar o pai do menino, um policial que foi sequestrado enquanto trabalhava, há dois anos.
Apesar de os presos das Farc poderem, normalmente, assistir a TV e ouvir rádio, não se sabe se José Norberto Perez está informado sobre a situação de seu filho.
O drama do garoto, que sofre de câncer renal, com metástase óssea e pulmonar, e está enfraquecido devido à quimioterapia, deixou os colombianos comovidos.
Cerca de 2.000 pessoas já se ofereceram às Farc para tomar o lugar do pai de Andrés no cativeiro. Assim Perez poderia ver seu filho e doar um de seus rins em uma última tentativa para salvar Andrés. Políticos, personalidades e até crianças se dispuseram a trocar de lugar com o policial sequestrado.
Um adolescente foi até a área sob controle das Farc para se oferecer como refém em substituição a Perez. O ministro da Defesa e vice-presidente, Gustavo Bell, também é voluntário para uma troca.
Manuel Marulanda, principal comandante das Farc, exigiu, porém, que Andrés seja examinado por médicos da guerrilha para checar se seu estado é realmente grave.
Os médicos do garoto, no entanto, afirmaram que sua situação é crítica demais para uma viagem até a zona sob controle das Farc. Ontem ele deixou o hospital e foi para a casa de seus avós maternos.
Andrés necessita de um tubo de oxigênio para respirar depois da cirurgia que removeu a maior parte de seu pulmão direito.
As Farc propuseram que o governo colombiano soltasse um rebelde detido. Ignacio Gonzalez Perdomo estaria extremamente doente e também deveria ser solto, segundo a guerrilha.
As autoridades colombianas rejeitaram a proposta. "Eles exigem uma troca política quando se trata de assunto humanitário", disse Eduardo Cifuentes, principal autoridade de direitos humanos no governo colombiano.
Todos os anos, cerca de 3.000 colombianos são sequestrados pelas Farc. O jornalista Fernando Gavarito afirma que o governo do país também está equivocado. Faz uma mobilização imensa em torno de uma criança, porém se esquece das outras "300 pessoas que morrem de fome todos os dias no país". Ele diz que Andrés foi abandonado pelo pai aos seis meses e que seu caso "está sendo usado como propaganda".



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