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Emoção marca homenagem a general Bacellar
DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE
Um grupo de soldados brasileiros da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti) interrompeu ontem a rotina de patrulhas nas ruas de Porto Príncipe
para assistir a uma breve cerimônia religiosa fúnebre em homenagem ao general Urano Bacellar.
Muitos se emocionaram ao ver
o caixão deixar o pavilhão do hospital argentino -ao som do toque de silêncio, executado, com
cornetas, por homens das Forças
Armadas.
"Pedimos a Deus que o acolha
para a eternidade porque ele era
um excelente profissional", disse
o capelão do Exército brasileiro
Marcos Marques, antes de rezar o
Pai-Nosso e ungir o caixão que levava o corpo do general, coberto
com as bandeiras do Brasil e da
ONU.
A solenidade foi simples. Discursaram o embaixador Paulo
Pinto, além do responsável das
Nações Unidas no Haiti, Juan Valdés, e o general chileno Aldunate,
que assumiu o comando da missão da ONU interinamente em
conseqüência da morte do general brasileiro.
"Queria que o exemplo de vida
que ele [Bacellar] deixou servisse
de inspiração para o moral das
tropas e dos funcionários no
país", afirmou o embaixador Paulo Pinto.
Greve
O clima em Porto Príncipe parecia refletir a solenidade: havia
poucos automóveis nas ruas, mas
o motivo era a greve convocada
pelo setor patronal em protesto
contra a falta de segurança na cidade.
Na caótica região das Delmas,
onde trânsito no domingo fazia
com que se perdessem dez minutos para percorrer dois quilômetros, ontem havia praticamente
apenas carros das Nações Unidas.
"Respeitamos o direito de greve
dos haitianos", disse Valdés em
coletiva anteontem, acrescentando que a segurança hoje é bem
maior do que no passado.
Cité Militaire
A seção de Relações Públicas do
Exército brasileiro levou a reportagem da Folha e outros jornalistas ontem para conhecer os avanços obtidos na Cité Militaire, região separada da perigosa Cité Soleil por apenas uma avenida.
Os militares criaram dois postos
avançados de vigilância, mas ainda enfrentam diariamente trocas
de tiros com supostos bandidos.
"Ontem à noite houve disparos
com freqüência, mas não com
muita intensidade", relatou o tenente Giuseppe Pizzolatto, 28, do
telhado de uma antiga fábrica de
gelo utilizada por traficantes haitianos até dezembro passado como esconderijo.
A tática quando se ouvem tiros é
"se abrigar e responder", segundo
o jargão militar.
Nas ruas, as crianças corriam
para pedir doces aos soldados do
Brasil. Os mais velhos, por medo,
evitavam responder às perguntas
dos jornalistas.
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