São Paulo, terça-feira, 10 de janeiro de 2006

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Emoção marca homenagem a general Bacellar

DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE

Um grupo de soldados brasileiros da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti) interrompeu ontem a rotina de patrulhas nas ruas de Porto Príncipe para assistir a uma breve cerimônia religiosa fúnebre em homenagem ao general Urano Bacellar.
Muitos se emocionaram ao ver o caixão deixar o pavilhão do hospital argentino -ao som do toque de silêncio, executado, com cornetas, por homens das Forças Armadas.
"Pedimos a Deus que o acolha para a eternidade porque ele era um excelente profissional", disse o capelão do Exército brasileiro Marcos Marques, antes de rezar o Pai-Nosso e ungir o caixão que levava o corpo do general, coberto com as bandeiras do Brasil e da ONU.
A solenidade foi simples. Discursaram o embaixador Paulo Pinto, além do responsável das Nações Unidas no Haiti, Juan Valdés, e o general chileno Aldunate, que assumiu o comando da missão da ONU interinamente em conseqüência da morte do general brasileiro.
"Queria que o exemplo de vida que ele [Bacellar] deixou servisse de inspiração para o moral das tropas e dos funcionários no país", afirmou o embaixador Paulo Pinto.

Greve
O clima em Porto Príncipe parecia refletir a solenidade: havia poucos automóveis nas ruas, mas o motivo era a greve convocada pelo setor patronal em protesto contra a falta de segurança na cidade.
Na caótica região das Delmas, onde trânsito no domingo fazia com que se perdessem dez minutos para percorrer dois quilômetros, ontem havia praticamente apenas carros das Nações Unidas. "Respeitamos o direito de greve dos haitianos", disse Valdés em coletiva anteontem, acrescentando que a segurança hoje é bem maior do que no passado.

Cité Militaire
A seção de Relações Públicas do Exército brasileiro levou a reportagem da Folha e outros jornalistas ontem para conhecer os avanços obtidos na Cité Militaire, região separada da perigosa Cité Soleil por apenas uma avenida.
Os militares criaram dois postos avançados de vigilância, mas ainda enfrentam diariamente trocas de tiros com supostos bandidos. "Ontem à noite houve disparos com freqüência, mas não com muita intensidade", relatou o tenente Giuseppe Pizzolatto, 28, do telhado de uma antiga fábrica de gelo utilizada por traficantes haitianos até dezembro passado como esconderijo.
A tática quando se ouvem tiros é "se abrigar e responder", segundo o jargão militar.
Nas ruas, as crianças corriam para pedir doces aos soldados do Brasil. Os mais velhos, por medo, evitavam responder às perguntas dos jornalistas. (ID)


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