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PF reforça a hipótese de suicídio
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
Menos de 24 horas depois de
pousar na capital do Haiti, a equipe da Polícia Federal centrou sua
interpretação da morte do general
Urano Bacellar na tese de suicídio,
cometido pelo militar com sua
própria pistola no quarto de hotel
em que vivia em Porto Príncipe. O
corpo deve chegar ainda hoje ao
Rio, para ser enterrado amanhã.
A reportagem da Folha apurou
que os investigadores brasileiros
chegaram a essa conclusão depois
de analisar o material produzido
pela Polícia Internacional da
ONU, que apura oficialmente o
episódio a pedido do embaixador
Valdés, chefe diplomático da Missão de Estabilização da ONU no
Haiti (Minustah).
No final da tarde, os peritos da
PF e um agente da Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) examinaram o quarto onde o corpo do
general foi encontrado, antes de
decidir os próximos passos.
Pela manhã, em cerimônia fúnebre no hospital da Argentina no
Haiti, o embaixador brasileiro
Paulo Pinto indicou que também
adotou a tese de suicídio. "Não
entrei no quarto, mas, da minha
perspectiva, pude ver algo que seria a arma do general ao lado de
sua mão", apontou.
Mas o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José
Alencar, considera "uma versão
preocupante" a de que o comandante brasileiro das tropas de paz
no Haiti, general Urano Bacellar,
se suicidou. "Não podemos aceitar pacificamente essa versão."
Alencar também contou à Folha que, na reunião de sábado
passado com diplomatas e militares para discutir a questão, todos
os presentes unanimemente desconfiaram da tese de suicídio.
No relato do vice-presidente,
que participou do encontro, um
dos participantes argumentou:
"Como uma pessoa vai para a varanda para se suicidar?" Outro
acrescentou: "E sem deixar ao
menos um bilhete".
Alguns dos motivos para a desconfiança, segundo Alencar, são
que o general morto era "um homem de muita moral, muito equilíbrio" e, além disso, "conversou
tranqüilamente na véspera com
um diplomata e telefonou para a
mulher, sem manifestar nenhuma anormalidade".
Segundo relatos de pessoas próximas, Bacellar não havia demonstrado nenhum sinal de que
havia algo errado nos dias que antecederam sua morte.
O vice disse que, segundo conversas com oficiais do Exército, ficou sabendo que as tropas brasileiras vinham enfrentando dificuldades de relacionamento com
o comandante das tropas da Jordânia, Al Huzbam, mesmo antes
de Bacellar assumir o posto. Para
Alencar, isso tem de ser apurado.
Colaboraram Eduardo Scolese e Eliane
Cantanhêde
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