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ORIENTE MÉDIO
Premiê israelense apresenta sinais de melhora, mas os médicos dizem que sua recuperação é uma incógnita
Sharon se move e respira sem aparelhos
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A JERUSALÉM
Em mais um tímido sinal de recuperação do forte derrame sofrido na última quarta-feira, o premiê de Israel, Ariel Sharon, moveu a mão e a perna direitas e tossiu, além de respirar de forma independente após a redução dos
sedativos implementada ontem
pelos médicos para retirá-lo gradualmente do coma induzido.
Apesar dos indícios de melhora, o
estado de saúde de Sharon, 77,
ainda é considerado crítico, e a recuperação de suas capacidades,
caso o fim do coma seja bem-sucedido, uma incógnita.
A primeira reação positiva
ocorreu na manhã de ontem,
quando os médicos começaram o
processo gradual de redução dos
sedativos, e Sharon passou a respirar de forma espontânea, ainda
que assistido por aparelhos. Shlomo Mor Yossef, diretor do hospital Hadassa, onde Sharon está internado, anunciou a melhora no
estado do premiê e disse que a retirada do coma poderia durar
"horas ou dias". O movimento
dos membros, o segundo indício
de atividade cerebral, ocorreu
após um teste de sensibilidade à
dor, que deixou os médicos um
pouco mais animados.
"Ele continua conectado a respiradores que o assistem, mas o
primeiro-ministro está respirando espontaneamente", disse Mor
Yossef na porta do hospital a dezenas de jornalistas de vários países. "É o primeiro sinal de alguma
atividade em seu cérebro". Ele
confirmou que os indícios são
animadores, mas voltou a alertar
que Sharon ainda core risco.
Segundo o neurocirurgião Félix
Umansky, que chefia a equipe encarregada de Sharon, ainda é cedo
para avaliar se o premiê será capaz de recuperar os sinais cognitivos, como a fala e a memória.
"Quero ressaltar que este é um
processo muito, muito gradual",
disse o argentino Umansky,
acrescentando que Sharon ainda
não abriu os olhos. A expectativa
é em relação ao momento em que
o premiê sair do coma, quando os
danos causados pelo derrame poderão ser inteiramente avaliados.
Os médicos então transmitirão
suas conclusões ao procurador-geral de Israel, Menachem Mazuz.
Se os médicos decretarem que
Sharon está incapacitado para desempenhar o cargo de premiê, o
gabinete se reunirá em caráter de
emergência para apontar um líder até as eleições de março.
Hoje, os médicos voltarão a se
reunir para decidir sobre uma nova redução dos sedativos e se podem também diminuir gradualmente a ação do respirador artificial, para estimular a intensificação da atividade respiratória.
Deputados brasileiros
Dezenas de simpatizantes continuaram ontem a chegar ao hospital Hadassa para manifestar solidariedade e esperança na recuperação de Sharon. Embora poucos
acreditem em seu retorno como
primeiro-ministro, as notícias de
ontem foram motivo de alívio. Segurando uma bandeira de Israel e
um cartaz com desejos de convalescência, Gilad David, 6, chegou
com os pais ao hospital para participar da vigília. "Pedi a meu pai
que me trouxesse. Sei que a situação é difícil, mas continuamos
acreditando", disse o menino.
Três deputados brasileiros que
participam em Jerusalém de um
encontro mundial de parlamentares judeus receberam ontem do
diretor do hospital Hadassa notícias sobre Sharon. Alberto Goldman (PSDB-SP), Max Rosenmann (PMDB-PR) e Davi Alcolumbre (PFL-AP) visitaram o
hospital ciceroneados por Mor
Yossef, de quem ouviram uma
avaliação otimista, mas cautelosa.
Segundo os deputados brasileiros, o médico israelense mostrou
uma unidade de UTI semelhante
à que está servindo Sharon e repetiu o que vem dizendo nos pronunciamentos à imprensa. Entre
os parlamentares que participam
do encontro, ficou a preocupação
demonstrada pelos interlocutores
israelenses de que a ausência de
Sharon pode criar um vácuo de
poder, num momento extremamente sensível.
"Há uma sensação de insegurança com o estado de saúde de
Sharon, justamente quando há
preocupação com o avanço do
[grupo terrorista] Hamas nos territórios palestinos e o Irã busca
desenvolver seu programa nuclear", disse Goldman, líder do
PSDB na Câmara.
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